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Vistorias em imóveis, retirada de água e detonações: veja as próximas etapas do metrô da Gávea

 

Serviços preliminares que antecedem obras civis começam em junho; novo trecho deve estar pronto em 2028 A cerca de 50 metros de profundidade do solo, num túnel de serviço já concluído, boa parte dos trilhos e dormentes que serão usados na via do metrô que ligará a Gávea a São Conrado está estocada desde que as obras da Linha 4 (Nossa Senhora da Paz/Ipanema – Jardim Oceânico/Barra) pararam há dez anos, sob suspeita de superfaturamento. No local, se destaca a imagem de Santa Bárbara, protetora de tuneleiros e mineiros. Nos arredores, as galerias de um quilômetro e meio cada, por onde passarão os trens, também estão quase prontas há uma década, aguardando que sejam perfurados os 60 metros finais junto à futura Estação Gávea.
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A movimentação de operários e engenheiros para reativar esse complexo subterrâneo e o canteiro — no terreno de um antigo estacionamento da PUC-Rio, onde ficará a futura Estação Gávea — começou logo após 10 de abril. Na data, foram assinados o novo contrato de construção e outros dois termos que colocaram a pá de cal no longo imbróglio envolvendo a Linha 4 e que começaram a ser alinhavados no ano passado, quando foi firmado acordo entre Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público, governo estadual, concessionária MetrôRio e consórcio construtor. Mas o vaivém vai aumentar, mesmo, inclusive nos arredores, a partir de junho, quando começam os serviços preliminares necessários para que as complexas obras civis possam ser retomadas.
Estação mais profunda
Com as escavações concluídas, será a vez de executar estrutura e acabamentos, montar trilhos, instalar sistemas e implantar uma praça ao redor do prédio da estação, que terá um andar. Os projetos para o interior e o exterior do espaço ainda estão sendo detalhados. Contudo, já se sabe, por exemplo, que, como a Estação Gávea será a mais profunda do sistema metroviário do Rio, com 52 metros, dois elevadores de alta velocidade e capacidade para 30 passageiros vão transportar os passageiros da superfície até a área de embarque e vice-versa.
Imagem de Santa Bárbara no túnel de serviço do metrô da ligação entre Gávea e São Conrado
Guito Moreto
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A expectativa com o deslanchar da obra é grande. O secretário estadual de Transportes, Washington Reis, quer que pisem no acelerador. Na semana passada, ele acompanhou uma equipe do GLOBO durante visita a tuneis e canteiro do metrô da Gávea, junto com o presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho, e outros técnicos.
— Estou confiante de que, até o fim de 2026, vamos botar o trem para rodar entre Gávea e São Conrado — anima-se Reis. — Obra depende de dinheiro, e temos recursos provisionados. E a parte de escavação, que é a mais complexa, está quase toda concluída. O restante é mais rápido.
Números
Editoria de Arte
Por contrato, os trabalhos devem ser finalizados em 39 meses, ou seja, no segundo semestre de 2028.
— Essa obra é simbólica da retomada do investimento no metrô do Rio de Janeiro. Temos um time de pessoas que estão trabalhando para que ela tenha a maior velocidade possível. Vai haver o maior esforço de todo mundo — garante Guilherme Ramalho. — Há um desejo grande da comunidade para que essa obra, que começou há tantos anos, fique pronta. Estamos muito felizes de ter expansão novamente do metrô do Rio de Janeiro. O Rio tem uma demanda grande por transporte de alta capacidade. Há muitas regiões que merecem receber a chegada do metrô.
O projeto da Linha 4
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Os custos do metrô da Gávea estão estimados em R$ 697 milhões, dos quais R$ 600 milhões são do MetrôRio, e os R$ 97 milhões restantes, do governo do estado. Como contrapartida pelo aporte, o MetrôRio, que operava a Linha 4, incorporou a sua concessão (o que já detinha das linhas 1 e 2), e teve ainda a exploração do serviço prorrogada por mais dez anos, até 2048.
Pelo acordo, o antigo consórcio — CRB, formado por Odebrecht, Carioca Engenharia e Queiroz Galvão —, que possuía os direitos de construção e operação da Linha 4, foi destituído. Para assumir a construção foi constituído o CCG, do qual fazem parte Odebrecht e Carioca. O CCG prevê que, no pico do trabalho, quando acabarem as detonações, só na obra haverá perto de 1.200 pessoas. Número que a Secretaria estadual de Transportes amplia para 2.500, levando em consideração empregos diretos e indiretos.
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Poço Sul: emergência
Quanto a detalhes da obra, construtor e concessionário informam que, por enquanto, o poço Sul funcionará para emergência. Terá escada, iluminação e o concreto das paredes reforçado para impedir infiltração. A galeria fora projetada para acessar a uma segunda estação, quando houver a expansão da Linha 4.
Para o descarte da água e da rocha a serem retiradas, o planejamento está feito. Afinal, só nos dois poços estão acumulados 60 milhões de litros d’água. A programação prevê a instalação, durante a madrugada para não atrapalhar o trânsito, de tubulação sob a Avenida Padre Leonel Franca, a fim de que a água possa cair num córrego do Rio Rainha, que desemboca no canal da Avenida Visconde de Albuquerque em direção ao mar. Por sua vez, as 140 mil toneladas de rocha que deverão ser detonadas ao longo de 11 meses serão colocadas em caminhões dentro do túnel de serviço, mas o local para onde o material será levado ainda não foi definido.
A situação atual da obra e a próxima etapa
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Expectativa de vizinhos
Ansiosos com o desenrolar da obra estão seus vizinhos. Presidente da Associação de Moradores e Amigos da Gávea (Amagávea), René Hasenclever, que participou de reunião recente em que foi apresentado o cronograma do que será feito, está convocando os moradores para um encontro na próxima terça-feira, a partir das 19h, para repassar as informações.
— Esse papo do metrô na Gávea vem desde a década de 1980. A expectativa é enorme. Pelo amor de Deus, que não aconteça nada que impeça ou que alongue o início da retirada dessa água — diz Hasenclever, se referindo ao esvaziamento dos dois poços.
O destino da água e da rocha removidas
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O líder comunitário recorda que, pelo projeto em execução, apenas a ligação Gávea-São Conrado será concluída. O percurso, de 1,5km, será feito por algumas composições. Não haverá conexão direta da Gávea com a Linha 1, devendo o passageiro desembarcar em São Conrado e pegar um outro trem se estiver seguindo, por exemplo, para as estações General Osório ou Siqueira Campos. Isso porque o trecho de 1,2 quilômetro entre Gávea e Leblon não foi implantado, e a máquina perfuradora conhecida como “tatuzão” ainda está inoperante sob uma rua do Alto Leblon. Quem seguir para a Barra também deverá fazer baldeação, embarcando em São Conrado em outro trem da Linha 4.
— Mas, agora, é pensar positivamente. Não adianta criticar. Depois, vamos pensar no metrô de rede, descendo até o Leblon, pelo Jardim Botânico e cortando o maciço (da Tijuca) até a Estação Uruguai — afirma Hasenclever.
Interior do poço Oeste da Estação Gávea do metrô encoberto por água
Guito Moreto
Outro que não vê a hora de a obra do metrô da Gávea ser concluída é o vice-reitor de Infraestrutura da PUC, o engenheiro civil Luiz Fernando Martha:
— Neste momento, o que se quer é que a obra acabe, e estamos fazendo tudo o que for possível para ajudar. Nós fomos prejudicados durante dez anos. Mas o prejuízo não foi só da PUC, foi para cidade. O Rio precisa de uma malha de metrô. Esperamos que, depois dessa estação, que é um meio de linha, haja a expansão do metrô. Que a Linha 4 seja uma Linha 4 de fato. Que passe por Barra, São Conrado, Gávea, siga por Jardim Botânico, Humaitá, Botafogo, Laranjeiras, até chegar na Carioca. Minha esperança é que cresça até o Recreio. A PUC foi vítima, mas, no fundo, o que queremos é que a cidade cresça. E o metrô é o melhor meio de transporte. O melhor que aconteceu foi que o processo destravou e será feito o metrô da Gávea. E, por mais que a solução encontrada não seja a esperada, temos esperança que depois haverá uma continuação.
Pontos de monitoramento
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Expansão da rede
Questionado sobre o futuro, Washington Reis não cita a ampliação da Linha 4 para Botafogo e Tijuca nos seus planos imediatos. Lembra que o estado contratou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (Fipe) para fazer a modelagem da expansão do metrô, incluindo projetos para a Linha 3 (Praça Quinze-Itaboraí) e os trecho Estácio-Praça Quinze — prioritário para desafogar a Linha 2 — e Barra-Recreio. Ele quer licitar a Linha 3 até o fim do ano. Já as outras duas ligações fazem parte da extensão do contrato com o MetrôRio, e serão negociadas com a concessionária. O secretário cobrou ainda investimentos do governo federal no transporte de massa do Rio:
— O governo federal tem obrigação de resolver esse gargalo. Até porque nós perdemos a capital, perdemos muitos direitos. Levaram tudo para Brasília, esvaziaram o Rio de Janeiro.
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