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Tarcísio gastou R$ 37 milhões em contratos do governo de SP com a indústria de guerra israelense

Desde 2023, o primeiro ano de mandato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), São Paulo (SP) gastou R$ 37,3 milhões em contratos com três empresas de Israel especializadas em produtos para segurança pública.

 

Com a Meprolight, que trabalha com a mira de armas, a Polícia Militar (PM) comprou cerca de 6,1 mil unidades para auxiliar na pontaria de armas de fogo em dois contratos que somam R$ 13.309.052,30. Com a Israel Weapons Industries (IWI), uma das mais antigas de Israel no setor bélico, foram adquiridos 22 fuzis e seis metralhadoras no valor de R$ 6.584.233,20. 

O maior montante foi repassado à Cellebrite, que produz softwares de espionagem e monitoramento digital, de recuperação de dados apagados de dispositivos e de reconhecimento facial. No total, foram R$ 17.413.328,60 em pelo menos cinco contratos. 

Dois deles são do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que comprou um software para o desbloqueio de dispositivos computacionais portáteis com sistemas operacionais Android e IOS no valor de R$ 4.995.975,00. O órgão também contratou serviços de suporte técnico de hardware e renovação e suporte técnico de software por 36 meses para laboratório forense pelo montante de R$ 427.767,69.

Já o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) adquiriu equipamentos e softwares para compor solução integrada de investigação forense digital a ser utilizada pelo Laboratório de Análises de Crimes Eletrônicos por R$ 10,29 milhões.

Por fim, o governo estadual tem dois contratos com a Cellebrite para serviços prestados à Prodesp, o site da empresa de tecnologia da informação do estado. Um deles é para a modernização do Laboratório de Forense Digital, no total de R$ 453.931,89, e outro para a aquisição de ferramentas forense, pelo montante de R$ 437.328,07.

Sobre o assunto, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que os objetos dos contratos já foram entregues e estão em uso operacional das unidades. “As aquisições objetivam o fortalecimento da estrutura tecnológica das forças de segurança, especialmente no enfrentamento ao crime organizado e na modernização dos recursos de investigação e atuação tática”, disse em resposta a um requerimento de informação solicitado pelo deputado estadual Guilherme Cortez (Psol) em abril deste ano. 

Ligação com o genocídio em Gaza

“Não foram localizadas contratações que envolvam o monitoramento do uso dos equipamentos adquiridos em operações policiais com resultados letais, tampouco registros de destinação de recursos públicos estaduais para operações militares internacionais, notadamente na Faixa de Gaza”, disse. “Da mesma forma, não há informação sobre a realização de estudos específicos voltados à avaliação do impacto dessas tecnologias sobre os índices de letalidade policial, especialmente em relação às populações vulneráveis”, concluiu o secretário do governo Tarcísio. 

Para o deputado Guilherme Cortez, no entanto, há uma relação direta entre o enriquecimento das empresas bélicas israelenses e o genocídio em Gaza. “Assim como aconteceu na campanha contra o apartheid na África do Sul, o genocídio que hoje é praticado pelo Estado de Israel na Faixa de Gaza só vai ter fim quando a comunidade internacional começar a impor boicotes e sanções ao Estado de Israel”, disse o parlamentar ao Brasil de Fato.

“É inadmissível que o Estado de São Paulo gaste uma quantia tão grande de dinheiro público para comprar armas que também alimentam a indústria e a morte de vidas civis na Palestina”, afirmou. “As mesmas armas que são utilizadas para cometer o genocídio na Faixa de Gaza também são utilizadas aqui no Estado de São Paulo para praticar violência policial, que tem crescido muito durante esse governo.”

A guerra de Israel em Gaza se iniciou após um ataque do grupo político-militar palestino Hamas em território israelense, deixando 1,2 mil mortos e cerca de 250 sequestrados. Desde então, além dos mais de 55 mil palestinos foram mortos, sendo a maioria mulheres, crianças e adolescentes, Israel deixou um rastro de fome ao impor um bloqueio de alimentos, medicamentos e água. 

No confronto mais recente, Israel atacou o Irã – que apoia o Hamas – deixando pelo menos 220 mortos até agora. Em território israelense, foram contabilizados 22 mortos. No momento, cerca de 30 prefeitos brasileiros tentam sair do país em meio à troca de mísseis. Eles foram para o país a convite do governo israelense para o Muni Expo 2025, evento que trata de tecnologia na segurança pública. 

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