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‘Sou um mensageiro’: Diogo Nogueira fala sobre parceria com Ailton Krenak, novo álbum e posicionamento político

“Eu sou um mensageiro”, resume o cantor e compositor Diogo Nogueira, sobre a arte de combinar samba e posicionamentos políticos na busca por um Brasil melhor. Em entrevista ao Bem Viver, programa do Brasil de Fato, além de destacar a importância de influenciar positivamente o futuro do país, o artista fala sobre o seu novo álbum, lançado no início deste mês.  

 

Sagrado – volume 2 reúne sete músicas que falam de amor, alegria, felicidade e brincadeira, aproximando duas dimensões que Nogueira considera inseparáveis: o sagrado e o profano.  O disco ainda traz uma parceria com Sandra de Sá, outro grande nome da música brasileira.

“O volume 1 está ligado ao subúrbio, à infância e às minhas memórias afetivas. E o volume 2 são as músicas que eu separei que eram mais românticas. Eu resolvi lançar essas músicas mais ligadas ao amor, ao sagrado e ao profano, que caminham juntos. Eu acho que ficou bem do jeito que eu queria, porque fala daquilo que você gosta de fazer quando vai sair para um samba ou para um botequim”, comenta o cantor e compositor. 

O músico também fala sobre a importância de quem veio antes e ajudou a pavimentar o caminho do samba no Brasil, como o seu próprio pai, João Nogueira. Ele ainda destaca o papel das escolas de samba em, durante o Carnaval, ajudar a dar destaques a temas importantes que precisam ser pautados pela sociedade. 

Outro marco recente importante na carreira de Nogueira foi a parceria com o filósofo, escritor, ambientalista e ativista indígena Ailton Krenak, no lançamento do single Qual Futuro Então Virá?, que reflete sobre a preservação da natureza e o futuro da humanidade. 

“Ailton é um sábio, uma pessoa muito importante para o nosso Brasil. A gente viveu momentos muito ruins, durante um passado recente. Tinha acontecido várias coisas na Amazônia e, quando eu recebi a música, eu falei: ‘eu queria uma pessoa que pudesse falar com mais propriedade sobre o assunto’. A participação dele foi uma aula de civilidade”, descreve o artista. 

Aos 44 anos de idade e 18 anos de carreira, Diogo Nogueira é considerado um dos principais nomes do samba brasileiro atual, com 15 discos lançados e participação em diversas premiações musicais. 

 

Confira a entrevista completa:

Brasil de Fato: Você é um artista reconhecido por sempre se posicionar, falando sobre política e denunciando formas de intolerância, por exemplo. Isso faz parte da sua essência? 

Diogo Nogueira: As pessoas falavam: “ah, você é artista, você não pode se posicionar”. Como eu não posso? Eu vim na Terra me posicionar. Eu sou um mensageiro. Eu tenho que colocar a minha opinião. Obviamente, de uma forma correta, sem influenciar para um lado negativo, sempre visando o melhor para o povo brasileiro, visando o melhor para os necessitados e para um Brasil melhor. 

Neste ano, você lançou um novo álbum, Sagrado – volume 2. O que mais te inspirou nesse trabalho? 

O Sagrado começou lá no fim de 2023. Foi um trabalho que eu demorei um pouco para fazer. Eu fiquei uns cinco ou seis anos sem lançar nada e resolvi lançar um novo produto. Passei esse período todo fazendo uma pesquisa de repertório. Queria fazer um álbum alto astral, algo que tivesse alegria.

A gente resolveu lançar o volume 1,  que está ligado ao subúrbio,  à infância, às minhas memórias afetivas, a esse universo. E o volume 2 são as músicas que eu separei que eram mais românticas. Eu resolvi lançar depois desse tempo todo essas músicas mais ligadas ao amor, ao sagrado e ao profano, que caminham juntos. Eu acho que ficou bem do jeito que eu queria, porque fala do amor positivo, da alegria, da felicidade, da brincadeira, do bairro, daquilo que você gosta de fazer quando vai sair para um samba, para um botequim ou para uma coisa.

Durante a sua carreira, você também é reconhecido por sempre referenciar o legado de outros grandes nomes que ajudaram a construir o samba brasileiro, como o seu pai João Nogueira. Qual é a importância desse reconhecimento?

A maior referência que tenho é do samba e a gente sabe disso. Eu não posso deixar de cultuar e falar sobre esses personagens que pavimentaram a estrada até aqui, porque, se eu estou aqui, é porque eles construíram uma história linda, maravilhosa.

Então, eu tento sempre fazer essa junção do passado com o presente para, justamente, não perder a essência que a gente tem. Que é o principal, é a essência que foi construída por todos esses grandes nomes e grandes personagens que pavimentaram e construíram esse grande edifício.

Você também é uma figura sempre muito presente no Carnaval brasileiro, acompanhando, por exemplo, os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Como você avalia o atual momento das agremiações?

Lá atrás, no início das escolas de samba, sempre se falou do Brasil. Os temas eram sobre o Brasil. Quando a indústria entrou e começou a transformar o Carnaval em indústria é que se perdeu os sambas enredos e toda a nossa essência.

Graças a Deus, as escolas estão querendo voltar com a essência que realmente merece ter nos desfiles, com temas importantes que precisam ser falados e pautados para a gente poder discutir de uma forma democrática. 

No ano passado, você lançou a música Qual Futuro Então Virá?, em parceria com o filósofo, escritor, ambientalista e ativista indígena Ailton Krenak. Qual foi a importância desse trabalho conjunto?

Foi um convite meu mesmo. Ailton é um sábio, uma pessoa muito importante para o nosso Brasil. A gente viveu momentos muito ruins, durante um período passado, que é um passado recente. E eu sempre fui um cara que falava muito sobre religião e sobre a falta de entendimento das pessoas em relação ao próximo.

Tinha acontecido várias coisas na Amazônia e, quando eu recebi a música, eu falei: “cara, essa música tem a ver comigo e eu queria uma pessoa que pudesse falar com mais propriedade sobre o assunto”. Até para eu aprender também, porque a gente, na verdade, passa o tempo inteiro aprendendo.

Então, tivemos reuniões, buscamos várias pessoas e, nesse processo, veio a ideia de convidar o Ailton para fazer essa canção que, para mim, é uma joia. A participação dele foi uma aula de civilidade, de tudo. Eu só agradeço ao Ailton por ter vindo e participado comigo desse lance.

Antes de qualquer coisa nesse país já existiam os indígenas. É fundamental que a gente olhe para essas pessoas, que a gente olhe para isso tudo. E esse é o Brasil. O Brasil é esse. É o Brasil do reco reco, do arco e flecha, da lança, da culinária, etc.

Você também tem um programa de culinária, o Diogo na Cozinha. Qual é o significado da culinária na sua vida? Você a relaciona com a arte e a política? Qual receita você indicaria para o leitor?

A culinária é uma das coisas mais importantes que a gente tem na vida. Eu acho que a comida traz a confraternização, a amizade, o amor, o respeito, a comunhão. E isso está ligado à política. Você já nasce política.

Eu sempre aprendi em casa, nas reuniões, junto com o meu pai, minha mãe, amigos e parentes, a cozinhar em comunidade, juntos. E as discussões que aconteciam na cozinha sempre eram sobre música, política e essa coisa toda.

Então, normalmente, a cozinha é um ambiente onde você discute, conversa, bate-papo, troca ideias, surgem ideias. É um lugar político e o alimento faz parte disso. 

Eu indicaria uma coisa mais simples, bem brasileira. Um picadinho de carne com aquela farofinha, bananinha frita, arroz e ovo. Pronto.

E tem mais…

O Bem Viver traz também a COP em Belém (PA). Debate sobre meio ambiente, ações sustentáveis e a força da Amazônia ganha mural de grafite com artistas locais e convidados.

Na China, conheça a Corrida de Barco Dragão, uma tradição milenar que une esporte, cultura e ritual.

Tem “Arroz de Cuxá”, um prato típico do Maranhão, com os assentamentos do MST do estado e Gema Soto.

E o Projeto “Sim, eu Posso!” dá um salve sobre o poder da educação em Maricá (RJ).

Quando e onde assistir?

No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.

Na TVT: sábado às 13h; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital. 

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET. 

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET. 

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital. 

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET. 

TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17. 

Sintonize

No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil de Fato. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. Além de ser transmitido pela Rádio Agência Brasil de Fato.

O programa conta também com uma versão especial em podcast, o Conversa Bem Viver , transmitido pelas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para ser incluído na nossa lista de distribuição, entre em contato por meio do formulário.

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