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Sem super estrelas: Luis Enrique e Inzaghi guiam fortes coletivos de PSG e Inter em final da Champions

 

Recheados de bons talentos, franceses e italianos contam com técnicos de ponta para encerrar jejum europeu, em jogo que começa às 16h, em Munique Dois dos melhores times do mundo buscam uma taça que encerrará um longo jejum, na Allianz Arena, em Munique (Alemanha). A partir das 16h, PSG e Inter de Milão prometem uma final de Liga dos Campeões de alto nível. Por mais que não tenham elencos marcados pelo individualismo, nem contem com as principais estrelas do futebol mundial atual, as duas equipes se sobressaem por seus coletivos sólidos.
Do lado francês, o comando de Luis Enrique, há duas temporadas, mudou os rumos de um clube que passou uma década desperdiçando milhões de euros com nomes de peso que não foram capazes de levar o primeiro título europeu a Paris — foram vices em 2020. Do lado italiano, o clube tricampeão é liderado por Simone Inzaghi desde 2021. Mesmo sem ter uma capacidade de investimento parecida, bateu na trave em 2023 — perdeu para o Manchester City — e quer voltar ao topo do continente após 15 anos.
Esta decisão não estava nos principais prognósticos do início da temporada e subverte um pouco a lógica recente do futebol europeu.
— Surpreendente, mas fascinante. Vivemos em uma época de exaltação às celebridades, mas vemos times que não têm um super craque definido chegado à final. Porque têm um futebol coletivamente muito forte, cada um ao seu modo e bem diferente — aponta Ubiratan Leal, comentarista da ESPN. — Acho muito saudável mostrar que o futebol não é só ter Messi e Cristiano Ronaldo, Yamal e Mbappé, ou mesmo um técnico super estrela como Pep Guardiola e Jurgen Klopp.
Dembélé comemora o gol que deu a vitória do PSG sobre o Arsenal, na Inglaterra
Adrian Dennis/AFP
O favoritismo recai sobre o PSG. Pertencente ao fundo soberano do Catar, o clube tem elenco mais valioso em relação ao da Inter e um candidato com capacidade para correr por fora nas premiações individuais: Ousmane Dembélé. Após anos taxado como promessa nunca vingada, o camisa 10 faz a melhor temporada da carreira, com 33 gols e 12 assistências em 48 jogos.
A diferença é que Luis Enrique nunca precisou construir o time em torno dele, como aconteceu com Mbappé, hoje no Real Madrid. Isso ajudou na distribuição de responsabilidades, com todos se dedicando à marcação e até à definição das jogadas ofensivas. O começo da temporada pode ter sido difícil, mas houve uma disparada de produção a partir de janeiro, principalmente com a chegada do georgiano Khvicha Kvaratskhelia.
Finalista com PSG, Luis Enrique foi campeão europeu com o Barcelona
FRANCK FIFE / AFP
Um exemplo do perfil do atual PSG é o coração da equipe ser formado pelos meias portugueses João Neves e Vitinha, e o espanhol Fabián Ruiz, todos pouco badalados. Do vice-campeonato em 2020, para o Bayern de Munique, restaram apenas o zagueiro brasileiro Marquinhos, capitão, e o francês Presnel Kimpembe, que não vem atuando.
— Todos esses jogadores têm uma qualidade excepcional, assim como tinham os times anteriores do PSG, mas eu acho que o grande senso de coletivo, de não ter aquele cara um pouco mais egoísta, é o grande destaque. É um time que não tem vaidade, todo mundo faz a posição de todo mundo em determinado momento. Cada movimento é muito bem arquitetado para criar um espaço para ser atacado — diz o analista tático Guilherme Dias.
Solidez e versatilidade
Já na Inter, o coletivo é elevado a outro nível, com a estrela mais conhecida sendo o argentino Lautaro Martínez, autor de 22 gols e três assistências em 48 jogos. Inzaghi tem nas mãos um grupo com muitas peças dispostas a entrarem em campo e apresentarem a mesma solidez e mentalidade competitiva. Há dois anos, perderam por detalhes a final para o Manchester City.
Grande parte da estrutura se deve à versatilidade dos alas na formação 3-5-2, o holandês Denzel Dumfries e o italiano Federico Dimarco. O time pode ter cinco homens erguendo uma defesa forte, sobretudo na entrada da área, ou aparecendo em blitzes no ataque, ajudados pelo atacante francês Marcus Thuram e pelo meia turco Hakan Çalhanoglu.
Lautaro Martínez lidera Inter de Milão em busca do título da Champions
Marco BERTORELLO / AFP
A temporada da Inter é regular de maneira geral, e sempre teve jogadores em nível para manter um aspecto físico muito forte e eficiente para converter suas finalizações e sair com os resultados.
— Sem o Mbappé, o Luis Enrique teve que montar outro time. Toda a lógica de funcionamento coletivo muda só porque saiu um jogador? Sim. Acho que o mérito dele foi ter conseguido encontrar essa nova dinâmica — comenta Ubiratan. — Já o trabalho do Inzaghi é criar um time taticamente muito versátil. Ele consegue rodar muitos jogadores e o time não perde padrão de jogo. Muito solidário. Você vê que que todo mundo se entrega taticamente, mesmo quando tem que fazer funções diferentes.
Inzaghi foi vice-campeão europeu como treinador da Inter em 2023
Odd ANDERSEN / AFP
As campanhas têm como pontos notáveis a derrubada de times que foram considerados os melhores do mundo em determinado momento da temporada. Nas oitavas de final, o PSG eliminou o Liverpool, enquanto a Inter tirou o Barcelona na semifinal.
Os caminhos do título
Os franceses têm hoje a grande oportunidade de fazer um projeto ambicioso enfim alcançar seu principal objetivo, após testarem variados tipos de perfis de elenco e de futebol. A temporada nacional é de vitoriosa, como de costume, com os títulos do Campeonato Francês e da Copa da França, mas ainda falta o passo final — os dois clubes também disputarão o Mundial de Clubes, em junho.
Final da Champions 2024/25 será disputada na Allianz Arena, em Munique (Alemanha)
Divulgação/UEFA
Para os italianos, cabe provar que ainda é possível montar um time campeão mesmo sem dispor das maiores cifras. Há dois anos, o clube também perdeu a final para um adversário emergente (Manchester City), que perseguia a conquista inédita. Além de tudo, é a oportunidade de vencer uma taça na temporada. Vice-campeã italiana e da Supercopa, sem ter conseguido chegar à final da Copa, a equipe não quer sair de mãos vazias.
— O PSG é um time com mais repertório. Tem facilidade em se adaptar ao contexto e em manipular a defesa adversária. Muito do seu jogo consiste em atrair por dentro para explorar as alas, induzir o adversário a marcar determinada jogada e abrir espaço para outra. É um tipo de enfrentamento que o PSG já teve e levou a melhor — destrincha Dias.
— Porém, se a Inter conseguir manter sua solidez defensiva, não cair nas movimentações ensaiadas e tiver a eficiência que demonstrou durante a temporada, pode ser que consiga um resultado favorável — conclui.
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