A declaração conjunta dos países do G7 em apoio a Israel no conflito com o Irã aponta uma “mudança significativa” na correlação de forças da guerra, segundo a professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Denilde Holzhacker. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ela analisou os desdobramentos diplomáticos e geopolíticos da escalada de tensões no Oriente Médio.
Para Holzhacker, a assinatura do documento pelo grupo formado por Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Alemanha, França e Itália evidencia um consenso raro entre essas potências e abre caminho para ações conjuntas mais incisivas contra o Irã. “Demonstra que Israel vai ter um apoio importante, diplomático, e enfraquece o Irã no plano internacional”, diz.
A ofensiva iraniana, com ataques diretos a Tel Aviv e inclusive ao prédio utilizado pelo serviço de inteligência israelense mostrou, segundo a especialista, que o Irã “tem força e capacidade de se contrapor”. Isso teria intensificado a mobilização internacional e levado o G7 a endurecer seu posicionamento.
EUA mudam postura
Ela também destacou que os Estados Unidos, embora inicialmente cautelosos por estarem em negociação com o Irã, vêm mudando sua posição. “Os Estados Unidos têm participação [nos ataques ao Irã], mas estavam mantendo uma cautela para não ter um envolvimento direto no conflito. Essa mudança parece estar acontecendo”, aponta.
Apesar da reticência inicial, o presidente Donald Trump se recusou a negociar um cessar-fogo com o Irã, em discussão no G7. De acordo com a professora, o país visa “uma mudança de regime no Irã, objetivo máximo de Israel”.
Continuidade do conflito afeta Brasil
Para Holzhacker, o impacto internacional mais imediato está na economia. “O Irã pode bloquear o Estreito de Hormuz, o Golfo de Omã. Isso impacta o preço do petróleo, o comércio global, e atinge também o Brasil, principalmente setores dependentes de importação e exportação”, explica.
A possibilidade de uma escalada nuclear ainda não seria o cenário mais provável. “Uma guerra nuclear teria que envolver diretamente os Estados Unidos no conflito, além de uma reação de apoio por parte de Rússia e China. Acho que não é o cenário colocado na mesa agora, mas uma guerra de mais longo prazo entre Irã e Israel”, pondera.
Com mais de 240 mortos até agora, a guerra segue sem perspectiva de cessar-fogo. Ainda assim, Holzhacker vê uma brecha para negociações. “A declaração do G7 também pode abrir possibilidade de um acordo, desde que o Irã aceite não desenvolver nenhum tipo de armamento atômico. Esse vai ser o grande ponto para conseguir de fato um fim do conflito”, avalia.
Para ouvir e assistir
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