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Policial se lembrou de tio vítima de bala perdida ao resgatar homem durante tiroteio na Maré

 

Operação tentava prender o traficante Thiago da Silva Folly, o TH, que acabou morrendo em confronto Pai de três meninas, o sargento Marcos Aurélio Brito dos Santos, de 35 anos, está na PM há quase 15. Na infância, quando tinha apenas 11, viu um tio pedir socorro após ser atingido por uma bala perdida durante um tiroteio entre bandidos e policiais, na comunidade onde morava. O menino cresceu e foi aprovado em um concurso para a corporação.
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Lotado no 17º BPM (Ilha do Governador), ele estava em um blindado, apoiando uma operação do 22º BPM (Maré), no último dia 13, quando um homem que aguardava o ônibus ficou em meio aos tiros. A cena fez Brito voltar ao passado e agir prontamente para resgatá-lo e evitar que o mesmo pesadelo que viveu não se tornasse realidade para outra família.
Cena do sargento Brito salvando homem viralizou nas redes sociais
Reprodução
A operação na Maré tentava prender o traficante Thiago da Silva Folly, o TH, que acabou morrendo em confronto ao ser encontrado numa casa que era cercada por traficantes fortemente armados. Durante a ação, a Linha Amarela chegou a ser interditada preventivamente pela polícia sete vezes.
Parte do resgate feito por Brito foi filmada por um celular. A gravação chegou a ser divulgada nas redes sociais da PM. Na última quarta-feira, o secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, publicou no boletim da corporação um elogio ao sargento e a outros cinco policiais que participaram da ação. No relato abaixo, Brito conta como voltou ao passado em plena linha de tiro para protagonizar uma cena heróica.
‘Veio a mesma sensação de agonia’
“O comandante (da guarnição) que estava na torre (do blindado) avistou (o homem) e nos mostrou. Traficantes estavam disparando contra os policiais do 22º BPM às margens da Linha Amarela, na altura da Vila do João. Entre os disparos, no meio da linha de tiro, um homem deitado no chão tentava se proteger. Pedi autorização para desembarcar e tentar tirá-lo da linha de tiro. Porque já tive uma experiência dessa na minha família. Naquele momento, veio uma aflição, o nervosismo de já ter presenciado uma cena como aquela, de ter visto o meu tio ser baleado da mesma forma, em 2001.
Era uma rua, os bandidos ficavam na parte de cima, e a polícia entrou pela parte baixa. Meu tio ficou na linha de tiro entre os policiais e os bandidos. Vi meu tio sangrando, pedindo ajuda. Com a mão no ferimento, ele encostou na parede da minha casa. O tiro o atingiu na perna, e ele sobreviveu com a graça de Deus. Mas a recuperação foi muito dolorosa, porque a casa dele era acima da minha e tinha uma escada. Com o ferimento, subir a escada era sempre muito difícil. Eu vivi aquilo ali, aquele sofrimento da recuperação dele durante uns seis meses. No exato momento (do tiroteio do dia 13), veio a mesma sensação de agonia. Aí, eu só pensei em evitar que outras pessoas passassem pelo que a minha família passou.
Eu desembarquei segurando um fuzil. Estava acontecendo uma troca de tiros, e o Grupamento de Ações Táticas do 22º BPM teve um trabalho fundamental, mantendo a posição para eu tentar chegar até o homem. Estava a alguns metros de distância. Foi mais instinto mesmo. Eu queria tirá-lo de lá, até mesmo por ele estar no chão. Achei que talvez ele pudesse até estar baleado. Consegui chegar nele mesmo com os tiros dos traficantes.
Felizmente, não estava ferido. Com uma das mãos, o ajudei a levantar parcialmente e ele veio engatinhando para entrar no blindado, enquanto eu tentava nos proteger, já que os bandidos continuavam atirando na nossa direção. Ele entrou primeiro no blindado e eu em seguida. O objetivo de fazer o resgate e tirá-lo da linha de tiro foi alcançado. A ação toda durou aproximadamente uns quatro minutos. Depois, ele desembarcou em segurança em outro ponto.
Na hora, a gente age por instinto, né? E eu sei que eu tenho a promessa de Deus na minha vida. Que Deus me guarda por todos os meus caminhos. O Salmo 91 tem uma mensagem assim. Tenho uma tatuagem com o desenho de uma cruz e a inscrição Salmo 91. Então, nem passa pela cabeça o pior acontecer com a gente. Sou cristão.
Nesses quase 15 anos de profissão, houve dois episódios que marcaram. No dia 12 de janeiro de 2022, eu estava em uma patrulha com outros policiais, apoiando uma ação do 16º BPM (Olaria), na comunidade do Dique, em Jardim América. Lembro que era por volta das 18h. Assim que a gente desembarcou, foi recebido a tiros. Havia um grupo de uns cinco bandidos ou mais atirando em nossa direção. Procurei um abrigo atrás de um poste e me posicionei para revidar os tiros. Mas, quando olhei, vi que tinha uma praça cheia de crianças brincando, logo atrás deles (dos traficantes). Optei por não fazer os disparos porque poderia causar ferimentos em terceiros. Um dos tiros disparados pelos bandidos resvalou no poste e atingiu minha perna. Mesmo baleado, preferi não fazer disparos. Mas deu tudo certo.
A outra situação marcante foi uma menina que estava prestes a cometer suicídio. Ela estava passando por dificuldades, parece que tinha perdido a mãe. Eu estava passando com a viatura no momento e fui acionado. Pude convencê-la a não fazer aquilo. Ela desistiu e seguiu a vida. Ela tem uma família, casou e tem filhos. E eu tenho contato com ela até hoje.”
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