Instigada pela história das vivandeiras e a atuação combativa das mulheres na época da antiga Província do Rio Grande, a escritora Hilda Simões Lopes lança o romance histórico Maya — uma escrava adolescente fugitiva e amparada por essas feministas. Com entrada gratuita, o evento será nesta terça-feira (17), em Porto Alegre (RS) e contará com debate sobre a obra.

Às 18h, no teatreo Centro Histórico Cultural (CHC) da Santa Casa, centro da cidade, a autora fará um bate-papo com o escritor Antônio Carlos Côrtes e a poeta Maria do Carmo Campos. Já a sessão de autógrafos ocorrerá às 19h, no térreo da instituição. A celebração contará ainda com a apresentação do pianista Wyl Fernandez.
“Maya é ficção construída com mulheres e vivências verdadeiras. A trajetória da protagonista é marcada por mulheres autênticas com as quais atravessará os difíceis e verídicos dramas do século oitocentista”, observa Lopes sobre a obra.
Com coordenação editorial e design gráfico de Clô Barcellos, o título tem capa de Otávio Teixeira. Em Pelotas (RS), o lançamento do livro será em 27 de junho no Instituto Simões Lopes Neto.
Vivandeiras

Com botas e panelas penduradas nos ombros seguiam os exércitos nas guerras, eram amantes, rameiras, bruxas e curandeiras, dançavam nuas, cozinhavam, espalhavam doenças e bebedeiras, eram más e eram boas, lutavam, matavam, perdiam pedaços ou morriam. Elas eram as “vivandeiras”.
Maya, escrava fugitiva adolescente por elas amparada. Maya à beira da morte, Maya nas carretas dos sobreviventes a caminho de Porto Alegre onde grassava um machismo desatinado e um primitivismo tosco. Maya nutrida pela sabedoria dos povos originários e os mitos africanos conversava com a lua e as estrelas, emocionava-se com as cores do poente e a elegância das garças. Maya na cidade, Maya entre mulheres revolucionárias e ousadas, mulheres que sapateavam em cima do machismo, soltavam prisioneiros farroupilhas, brigavam pelo divórcio, o voto feminino, por mulheres nas universidades e pela abolição da escravatura.
Maya aluna e amiga de Luciana de Abreu, uma das primeiras feministas brasileiras. Maya leitora, Maya sonhadora, Maya pensadora e questionadora. Maya e a Capelinha da Praça do Novo Lugar, onde mulheres gaúchas reverberam com a antiga escrava e vivandeira o feminismo que assusta, semelhante àquele que, décadas além, levaria às ruas de Londres as sufragistas inglesas. Sim, elas importam.
A doutora em Letras Maria Eunice Moreira salienta a força das mulheres dessa história na orelha do livro. “Em uma narrativa poderosa, Hilda Simões Lopes dá vida a personagens singulares, de classes mais abastadas ou escravizadas, cultas ou analfabetas, traçando entre elas o fio do destino e revelando uma faceta pouco explorada do continente sulino. Numa prosa fluida e atraente, Hilda escreve um romance sobre o nosso Rio Grande (mas também sobre o Brasil), que vai dos tempos da escravidão ao final do século XIX, da menina baiana Iara à poderosa Maya e seus ancestrais de África”, descreve .
Sobre a autora
Maya é o décimo primeiro livro de Hilda Simões Lopes, natural de Pelotas (RS). Graduada em Direito, mestre em Sociologia, pesquisadora social e professora universitária, seus livros falam das relações humanas, das mudanças sociais, das condutas-desvio e da evolução do feminino.
Ganhou o prêmio Açorianos com “A superfície das águas” (IEL/1997), foi finalista do mesmo prêmio com “Cuba, casa de boleros” (AGE, 2000) e finalista do prêmio Minuano com “A maçã da rainha má” (Literare Books, 2021).
Serviço
Hilda Simões Lopes lança o romance histórico Maya
Data: 17 de junho
Horário: 18h
Local: Centro Histórico Cultural da Santa Casa – Av Independência, 75 – Porto Alegre (RS)
Entrada Gratuita
Maya – lançado pela Editora Libretos em 2025. A obra conta com 312 páginas e é anunciada pelo valor de R$ 80 reais.

O post Novo livro de Hilda Simões Lopes traz a história das vivandeiras e a evolução feminista no RS apareceu primeiro em Brasil de Fato.