Juliana Marins tinha apenas 26 anos. Era uma filha, jovem e negra, mochileira, publicitária de Niterói. Estava vivendo um sonho que muitas de nós compartilhamos: conhecer o mundo, sozinha, com coragem e liberdade.
Durante uma trilha na Indonésia, Juliana sofreu um acidente grave, ficou dias presa em uma montanha aguardando resgate e nesta terça-feira (25) recebemos, através do perfil, @resgatejulianamarins, criado pela sua família para mobilizar seu resgate, a notícia de sua morte.
Essa tragédia corta a alma! Não é só sobre um acidente. É sobre o abandono diante do desconhecido. É sobre o silêncio de sistemas que deveriam cuidar.
É também sobre como a liberdade das mulheres negras ainda é tratada como irresponsabilidade, como exceção, como algo que não merece estrutura ou atenção.
Juliana representa muitas de nós. Mulheres que viajam com a cara e a coragem, que enfrentam o mundo com GPS, mapa offline e fé nas experiências extraordinárias. Que precisam confiar em desconhecidos, em traduções quebradas, em agências sem garantia nenhuma. E que, quando algo dá errado, não têm a quem recorrer.
Quem cuida de uma mulher preta mochileira em risco, do outro lado do mundo? O que oferecem as políticas públicas faz quando sua família grita por socorro? Como a gente protege quem ousa desbravar o mundo com o próprio corpo?
Essa história precisa nos mobilizar. Precisamos pensar coletivamente: como fomentar e efetivar redes de apoio, protocolos de emergência, políticas públicas, canais de informação e cuidado?
Juliana resistiu. E a gente não pode deixar essa resistência se perder. Por ela, pela sua família e por todas nós, é hora de transformar dor em ação.
Máximo respeito pela luta de sua família! É hora de cuidar da memória de quem partiu. É hora de garantir que nenhuma de nós fique para trás.
*Thais Ferreira é vereadora do Rio de Janeiro (Psol-RJ).
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
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