Marcha da Maconha em SP exige fim da guerra às drogas
A marcha da maconha em SP levou cerca de 50 mil pessoas às ruas da capital paulista na tarde deste sábado (14). Com concentração às 16h20 na Avenida Paulista e encerramento na Praça da República, o ato exigiu o fim da guerra às drogas e marcou a primeira participação oficial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no evento.
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De acordo com Luciano Carvalho, da coordenação estadual do MST, a aproximação entre os movimentos ocorreu a partir do reconhecimento de pautas comuns:
“Aproximar-se do pessoal da marcha da maconha é compreender que, para além do uso recreativo, que também é importante, é essencial acabar com a mortandade pela discriminação e pela criminalização (…).”
Ele ainda criticou o discurso conservador sobre drogas:
“Essa guerra às drogas é o tipo de retórica encontrada pela direita e extrema direita que não lida com problemas na sua raiz, jogando para debaixo do tapete as verdadeiras origens do problema: a concentração de riqueza.”
O evento foi estruturado em blocos temáticos auto-organizados, com destaque para o bloco terapêutico, onde estavam pacientes e familiares que dependem do uso medicinal da cannabis.
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Maria Aparecida Felício de Carvalho, que participa da marcha há 10 anos, compartilhou sua luta pela saúde da filha:
“De lá para cá, tivemos avanços, mas a luta ainda tem que ser intensa, porque os avanços não podem ser direcionados somente para a indústria. Nós temos que ter uma regulamentação que tenha reparação histórica, reparação social e anistia.”

Outro depoimento marcante foi de Nadhuska Sanches, mãe de uma paciente medicinal:
“A legalização já acontece para quem tem condição financeira. Então, para quem é marginalizado ou é de grupo minorizado, não é acessível. (…) É importante vir marchar e trazer minha filha porque é para todos.”
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Este ano, o tema da marcha foi “O clima tá tenso – reparação, direitos e liberdade”. Para Luiz Fernando Petty, um dos organizadores:
“Regulamentação sem reparação é legalizar o privilégio. (…) É a ideia de que não adianta legalizar e manter os privilégios das mesmas pessoas que se beneficiam com a proibição das drogas.”
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Além da manifestação central, o movimento também organiza marchas periféricas, previstas entre junho e setembro em cidades como Guarulhos, Osasco, Santo André, São Bernardo e nas zonas Norte e Leste da capital.
Com forte simbolismo, diversidade de pautas e vozes potentes, a marcha da maconha em SP reafirma a urgência de políticas públicas inclusivas e com justiça social. O clamor por liberdade, acesso e anistia ecoou por toda a cidade.
Esse post foi originalmente escrito por: Brasil de Fato