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Manifestantes ocupam Eixão do Lazer em apoio à Palestina e contra relações com Israel

Neste domingo (15) manifestantes realizaram em Brasília uma marcha por Gaza, reforçando a pressão pelo fim das relações diplomáticas entre Brasil e Israel.  O ato se concentrou na altura das quadras 207/107, da Asa Norte, no Eixão do Lazer, e contou com apresentação do grupo de maracatu Baque Mulher.

 

O protesto incorporou a agenda da Marcha Global Para Gaza, realizada em capitais brasileiras como São Paulo, que registrou a maior manifestação no país, reunindo milhares de pessoas neste domingo, entre elas o ativista brasiliense Thiago Ávila, coordenador da missão humanitária Flotilha da Liberdade, interceptada por Israel em 9 de junho. 

No Distrito Federal, o ato foi organizado pelo Comitê em Solidariedade à Palestina em articulação com o Comitê Anti-imperialista Abreu e Lima, contando com o apoio de diversas organizações políticas, sindicais e movimentos sociais. Entre os participantes estiveram presentes representantes do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), Coletivo Borda Luta, Unipop Brasil, Faísca Revolucionária, Movimento Justiça Sem Fronteiras, partidos políticos como PT, PCB, PCdoB, PCBR, PCO, PSB. Entre as organizações sindicais marcaram presença a Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), Sindicato dos Servidores e Empregados da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindsasc), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), entre outros.  

Grupo de maracatu Baque Mulher se apresenta durante ato em solidariedade à Palestina / Foto: Camila Araujo
 

“O povo palestino é um povo que foi arrancado de seu próprio chão. Na semana passada, nós estivemos com o assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República Celso Amorim, um grupo de 15 parlamentares da Câmara de Deputados para exigir que houvesse uma posição do Brasil, não apenas de denunciar o genocídio”, afirmou a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) na manifestação. 

Na avaliação da parlamentar, o Brasil deve romper relações com Israel porque “não dá mais para que possamos continuar com acordos, acordos inclusive que dizem respeito à defesa. Que trazem as armas de Israel, que tem em grande medida como alvo os corpos dos jovens negros de periferia de nosso país”. 

Kokay disse ainda que a denúncia contra o genocídio palestino deve ser feita de forma concreta e que o rompimento de relações significa isso. Ela lembrou também que a violência em curso em Gaza não é situação recente. O território palestino da Faixa de Gaza está desde 2007 sob bloqueio de Israel. 

Manifestantes e deputada federal (PT-DF) Érika Kokay exigem fim de relações diplomáticas brasileiras com Israel /Foto: Camila Araujo
 

Para o ex-governador do DF, Agnelo Queiroz, cabe à sociedade civil “manifestar e cobrar e dar apoio ao governo brasileiro” pelo fim das relações com o estado de Israel. 

“É muito importante o governo brasileiro saber que na sociedade existe essa quantidade de entidades que condena veementemente o extermínio, essa matança praticada por esse governo de Israel, por esse governo sionista de Israel. E que enquanto tiver um governo desse, nós não temos que ter relação, quanto mais dando qualquer tipo de auxílio e apoio a um Estado desse”, disse Queiroz.  

A jornalista Heloísa Villela esteve presente no ato para prestar solidariedade ao povo palestino. Entre 17 e 30 de outubro de 2023, logo após o ataque do grupo político Hamas contra Israel, a jornalista vivenciou e reportou o cotidiano palestino sob bombardeio do estado sionista durante 13 dias na Cisjordânia, parte do território palestino.  

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza hoje é o marco, o limite da nossa humanidade. Se a gente não puder olhar para aquilo ali e dizer ‘não, chega, basta’, eu não sei o que a gente é. A gente perdeu, deixou de ser ser humano. Porque aquilo ali é absolutamente inviável, inacreditável, absurdo”, argumentou Villela. 

Para ela, a mobilização pela Palestina nas ruas brasileiras, pouco expressiva em relação a outros países europeus e árabes, tem a ver com a predominância do discurso sionista na mídia do país. 

“Existe um controle do discurso claramente dominado pelo sionismo na imprensa brasileira, então as pessoas não conseguem saber de fato o que está acontecendo ali. Por exemplo, o Thiago Ávila era coordenador da Flotilha [da Liberdade] e a imprensa brasileira só falava da Greta. Não querem que o sentimento do povo brasileiro se conecte com o que o Thiago estava passando, para que não mude a opinião pública brasileira. Isso é um boicote da mídia. Então eu acho difícil às vezes para as pessoas saberem exatamente o que está acontecendo ali, apesar de você ter na internet à disposição.” 

A médica sanitarista Ana Costa, diretora-executiva do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde, protestou em defesa de sua categoria profissional. 

“Nós precisamos denunciar que o foco de Israel sobre os profissionais de saúde, sobre os hospitais, médicos, enfermeiras e todos os cuidadores e cuidadoras, formados e dedicados ao cuidado do sofrimento humano, a atenção aos ferimentos, aos feridos e a todas as pessoas que precisam de cuidado– é uma estratégia extremamente desumana. É um crime, é uma barbárie.”

 

Praticamente todos os hospitais em Gaza já foram danificados ou destruídos. A ONU chegou a descrever os hospitais como “armadilha mortal” apontando em relatório 136 ataques israelenses a 39 unidades de saúde até junho de 2024.  

Renina Valejo, integrante do Diálogo e Ação Petista do PT, também defende o rompimento das relações entre Brasil e Israel. A manifestante lembra que o Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia já condenou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por crimes de guerra e crimes contra a humanidade e defende a conversa com a população brasileira para furar o bloqueio da “grande imprensa”. 

“O que puder fazer para não deixar isso passar como se fosse uma coisa normal e natural. A gente está vendo, a maior parte das mortes são de mulheres e crianças, isso é de uma desumanidade sem fim”, lamentou Valejo.

Brasília incorporou agenda da Marcha Global por Gaza neste domingo, 15 de junho / Foto: Camila Araujo
 

Segundo o Ministério da Saúde palestino em Gaza, ao menos 55 mil pessoas foram mortas em decorrência de ataques israelenses, incluindo 17.400 crianças desde outubro de 2023.

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