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Mali assume controle de uma das maiores minas de ouro da África e lança refinaria própria: ‘um sonho’, diz presidente

O complexo Loulo-Gounkoto, uma das maiores minas de ouro do mundo e pertencente à empresa canadense Barrick Mining, foi colocado sob administração provisória pelo Estado do Mali. A medida foi oficializada na segunda-feira (16) pelo Tribunal do Comércio de Bamako e ocorre no contexto de uma disputa entre o governo maliano, liderado pelo general Assimi Goïta, e a companhia estrangeira.

 

O Mali, segundo maior produtor de ouro da África e o quarto do mundo, afirma que a Barrick deve impostos e opera sob contratos desfavoráveis firmados com governos anteriores. Em resposta, a empresa – considerada a maior produtora de ouro do continente – declarou que vai recorrer da decisão judicial.

A medida judicial nomeou o ex-ministro da Saúde, Zoumana Makadji, como administrador provisório da mina. Representantes do governo do Mali, que reformou seu código de mineração em 2024, declararam que a decisão “protege os interesses econômicos nacionais” e evita “o fechamento súbito da mina na ausência de um acordo revisado”. A mina representa cerca de 14% das receitas da Barrick, e o Mali possui 20% de participação acionária.

Em maio, o governo solicitou oficialmente ao Tribunal a troca de gestão da mina, alegando interesse em reabri-la em um momento de alta histórica nos preços do ouro. A disputa com a Barrick levou ao fechamento de escritórios da empresa em Bamako, capital do país, e escalou ao ponto de o governo emitir um mandado de prisão contra o CEO da empresa, Mark Bristow, em dezembro de 2024. A empresa ofereceu US$ 370 milhões ao Estado maliano.

Em comunicado, a Barrick afirmou que “embora as suas subsidiárias permaneçam como proprietárias legais da mina, o controle operacional foi transferido para um administrador externo”.

A tensão com a Barrick não é um caso isolado. Como parte de uma nova política de fortalecimento da economia nacional, o governo maliano – membro da Aliança dos Estados do Sahel (AES), ao lado de Burkina Faso e Níger – tem pressionado diversas empresas estrangeiras do setor de mineração.

Refinaria com apoio da Rússia

No mesmo dia em que assumiu a gestão da mina, o governo deu início à construção da primeira refinaria de ouro estatal da África Ocidental, em parceria com o conglomerado russo Yadran.

Localizada em Senou, a 19 km de Bamako, a refinaria terá capacidade para processar até 200 toneladas de ouro por ano. O Mali será sócio majoritário do projeto, que tem como objetivo garantir que a nação possa se beneficiar diretamente de seus recursos minerais, sem depender de refinarias estrangeiras.

Durante a cerimônia de lançamento da obra, o presidente Assimi Goïta declarou: “É um sonho há muito esperado do povo maliano e hoje se torna realidade”. A fala foi feita durante a cerimônia de inauguração da obra, quando o mandatário colocou o primeiro tijolo na construção.

O presidente do grupo Yadran, Irek Salikhov, elogiou a iniciativa e afirmou que a refinaria deve se tornar um polo regional de processamento, atendendo também países vizinhos como o Burkina Faso. Segundo ele, o objetivo é permitir ao Mali “refinar todo o ouro extraído em seu território, pondo fim a décadas de exportação de minério bruto”.

Ainda não há um prazo oficial para a conclusão da refinaria, que representa mais um passo do governo maliano em direção ao controle soberano sobre a cadeia produtiva do ouro.

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