O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é o convidado do episódio mais recente do podcast Mano a Mano, conduzido pelo rapper, cantor, compositor e apresentador Mano Brown e pela jornalista Semayat Oliveira, que foi ao ar nesta quinta-feira (19), nas plataformas de áudio. “Se depender do meu esforço físico, da minha consciência política, a extrema direita não volta a governar esse país, pode ter certeza disso”, afirmou o presidente, que reforçou que será candidato em 2026 e comentou a divisão da direita para encontrar um adversário a sua altura.
“Eu serei candidato para ganhar as eleições. Que a extrema direita está procurando adversário, está procurando. Eu vejo todo dia um nome, eu vejo o Tarcísio [de Freitas] (Republicanos), eu vejo o Ratinho [Júnior] (PSD), eu vejo, eu vejo [Ronaldo] Caiado (União Brasil)”, disse Lula, em referência aos governadores de São Paulo, Paraná e Goiás, respectivamente, vistos como possíveis pré-candidatos à Presidência.
“Quem quiser ganhar de mim vai ter que andar mais do que eu na rua, vai ter que fazer mais discurso do que eu na rua, vai ter que conversar mais com o povo do que eu na rua e vai ter que fazer mais do que eu”, completou o presidente.
Jogo está sendo jogado
Lula comentou as dificuldades do governo em enfrentar as estratégias de mobilização digital e construção de narrativas falsas por grupos de extrema direita. “Eu nunca vou esperar que um bolsonarista fale bem de uma política minha. Eu acho que ele vai sempre nos criticar, ele vai sempre dizer uma mentira, sempre vai contar uma inverdade. E nós temos que estar preparados para isso. Eu trato isso com muita tranquilidade. É um jogo que está sendo jogado”, comentou.


“Eu só posso te dizer uma coisa, eu não utilizarei as redes digitais para contar mentiras contra nenhum adversário. Não me peçam para fazer uma campanha mentirosa, que não faz parte da minha vida”, completou o presidente, agregando ainda que o governo tem o desafio de dialogar com a juventude.
“Conversar com a juventude brasileira é uma coisa séria e nós precisamos conversar muito com a juventude, porque a juventude é muito mais vulnerável e ela é muito mais ousada, ela é muito mais rebelde”, acrescentou.
Fraudes no INSS
Lula foi questionado pela jornalista Semayat Oliveira sobre o impacto das revelações de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em sua popularidade. O presidente afirmou que considera as pesquisas de opinião “uma fotografia do momento” e que tem convicção de que sua avaliação vai melhorar.
“Quando sai uma denúncia de corrupção no meio do meu governo, é normal que no primeiro momento as pessoas pensem que foi no governo Lula, porque fomos nós que descobrimos”, disse o presidente. “Eu tenho certeza que a gente vai melhorar na pesquisa, eu tenho certeza que o governo vai melhorar”, afirmou Lula, lembrando que ainda há governo pela frente.
“Eu disse que esse ano era o ano da colheita, que a gente vai entregar. Eu estou convencido que nós vamos entregar mais coisas do que o povo jamais imaginou que a gente fosse entregar do ponto de vista de benefício da sociedade. Eu tenho convicção disso”, avaliou.
Nesse sentido, o chefe do Executivo afirmou que o governo “não comunicou corretamente”. “Cabe a gente então dizer alto e bom som, porque é que aconteceu aquela corrupção. Quem foi que fez aquilo? Quem é a quadrilha que estava por trás disso? E aí explicar para o povo. A questão é um debate. Eles sempre vão dizer que fomos nós e nós temos sempre que dizer a verdade. Nós não temos que ficar dizendo que fomos nós ou eles, vamos tentar mostrar para o povo a verdade”, apontou.
Relações com o Congresso
Em diversos momentos do podcast o presidente falou sobre a relação com o Congresso Nacional, e atribuiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o enfraquecimento do poder Executivo frente ao Legislativo, sobretudo em relação ao controle do orçamento.
“O Bolsonaro, como era muito incompetente, ele permitiu que o Congresso Nacional tivesse metade do orçamento da União”, criticou Lula, referindo-se às emendas parlamentares, que passaram a ser obrigatórias em 2015, e tiveram um salto exponencial nos últimos dez anos, chegando a quase R$ 50 bilhões no orçamento de 2025.
“Quando a emenda é dada com seriedade, você sabe que ela tem endereço fixo, tem identidade, aí isso não é tão mau. Agora, o que estava mal era que você não tinha nenhum controle das emendas. Isso acabou. Agora, as emendas são compartilhadas dentro do programa de desenvolvimento do orçamento do governo”, disse o presidente, aludindo a um acordo feito com os parlamentares para a liberação de emendas, após o bloqueio dos recursos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino.
IOF
Durante a entrevista, Lula afirmou que está disposto a “fazer a briga” para garantir o mínimo de justiça fiscal que resulte em melhorias para as camadas mais pobres do país, em relação à recente crise gerada por um decreto do Ministério da Fazenda que reajustou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que gerou reação da direita e dos partidos de centro no Congresso.
“Essa briga nós temos que fazer. Não dá para a gente ceder toda hora. Essa briga nós temos que fazer. Nós temos que dizer em alto e bom som que a gente precisa levar esse povo a um padrão de vida um pouco mais digno”, afirmou o presidente.
“O [Fernando] Haddad quer que as bets paguem imposto de renda, que as fintechs paguem imposto de renda, que os bancos paguem. Não é imposto de renda, é pagar um pouquinho só para a gente poder fazer a compensação, porque toda vez que a gente vai ultrapassar o arcabouço fiscal, a gente tem que cortar no orçamento. Então se eu tiver que cortar 40 bilhões do orçamento de obras de rua para saúde, para educação, eu tenho que ter uma compensação. E o IOF é uma forma para fazer compensação”, ressaltou.
O post Lula no Mano a Mano: ‘Se depender do meu esforço, a extrema direita não volta a governar este país’ apareceu primeiro em Brasil de Fato.