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Juliana Marins participou de projeto social e seguiu trajetória de liberdade e realizações: ‘Sentir vai sempre ser mais intenso’

 

Jovem de 26 anos fazia mochilão pela Ásia e caiu num penhasco durante uma trilha perto de vulcão no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia Um dito popular indonésio (Cintai hidup yang Anda jalani. Jalani hidup yang Anda cintai) diz “Ame a vida que você vive. Viva a vida que você ama”. Um princípio condizente com os pensamentos que moviam Juliana Marins, jovem de 26 anos cujo corpo foi encontrado após quatro dias de espera numa encosta de vulcão no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia. Nas redes sociais, a carioca que vivia em Niterói se declarava com frequência à família, aos amigos, agradecia pela própria existência. Complementavam as mensagens imagens de uma jovem alegre, livre e querida por onde andava. Na última terça à tarde, horário de Brasília, a família de Juliana, que de início apontou negligência do governo, e as autoridades do país asiático lamentaram a morte. Na web, internautas avaliaram a demora como abandono.
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Foram mais de 80 horas de espera após a viajante cair 600 metros abaixo do nível da trilha que fazia quando, supostamente, foi deixada para trás por um guia. Mais de um dia depois, após pressão da família e de amigos, os governos brasileiro e indonésio passaram a acompanhar à distância o salvamento. Os percalços de uma aventura que parecia um sonho em meio a um mochilão pela Ásia transformaram o desafio em pesadelo e colocaram em xeque normas de segurança do parque onde tudo aconteceu. Até ontem à tarde, a página do Instagram que concentrou informações da família e das autoridades sobre o resgate de Juliana superou 1,5 milhão de seguidores.
Horas antes de iniciar a trilha no parque, na sexta-feira (20), Juliana compartilhou fotos celebrando a vida, listou desafios da jornada e exaltou as experiências na Ásia. No continente, a carioca passou pelas Filipinas, pela Tailândia e pelo Vietnã, até chegar à Indonésia, que fica a 16.384km da cidade onde vivia, Niterói. A viagem começou em fevereiro e teve pausas para ligações para pais e amigos. Há um mês, uma das conversas com os parentes inspirou Juliana a se declarar publicamente:
“Terminei a ligação com um sorrisão no rosto, rindo das bobeiras dos meus pais e com uma paz no coração por ter vindo ao mundo nessa família”, escreveu a jovem, no Instagram.
‘Nunca me senti tão viva’
Em outro relato, durante a passagem pelo Vietnã, ela comparou as experiências da viagem com o que sentia ao conhecer as paisagens. Nesse contexto, Juliana comentou sobre as baixas na saúde mental e sobre momentos de superação.
“Minhas emoções esse mês foram como as curvas de Hà Giang. A viagem ao Vietnã começou incrível, até que, na próxima curva, tive algumas crises de ansiedade e, logo na virada seguinte, vivi uma das melhores fases dessa aventura. Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente tá acostumado. E tá tudo bem. Nunca me senti tão viva”, escreveu ela em publicação do dia 29 de maio, quando estava no Vietnã.
Outras imagens mostram momentos de diversão com turmas de amigos, contemplação da natureza e aventuras como passeios de motocicletas, caiaques e outras caminhadas.
Vida de trabalho e sonhos realizados
Juliana era publicitária formada pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ). No início da juventude, fez parte de projetos sociais como o Teto, ONG com trabalhos contra a pobreza que mobiliza jovens para voluntariado em construções em favelas. Na última terça, a organização compartilhou uma nota de pesar: “Lamentamos profundamente a partida de uma de nossas voluntárias (…), que atuou com a TETO no Rio de Janeiro. Foi voluntária de comunicação e esteve em território construindo casas e sonhando um futuro mais justo e sem pobreza”.
Nos últimos anos, trabalhou na Globo e na Agência Mynd com humoristas como Yuri Marçal e Blogueirinha e fez cobertura de eventos como o Rock in Rio. Eram comuns também postagens dela, que era “pole dancer”, comentando sobre a emoção de estar no palco, contando da alegria dos blocos de carnaval da cidade e do bem-estar ao praticar esportes — uma das fotos mostra a jovem numa corrida de rua de 15km —, atividades ao ar livre e em encontros amigos.
Juliana Marins era uma mulher independente, vibrante e costumava exaltar a coragem nos conteúdos que compartilhava com os amigos. Sua última postagem no Instagram, a frase “Never try, never fly (Nunca tente, nunca voe)” deixa registrado: ela desfrutou de uma vida de sonhos realizados e de vida de liberdade.
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