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Festa junina organizada pela comunidade resiste há quase 50 anos na zona norte do Recife

   

Na noite deste sábado (28), o primeiro após o São João, centenas de pessoas devem se reunir no palhoção montado e decorado no Vasco da Gama, como acontece há 48 anos. Aberta ao público, a festa começa por volta das 19 horas, com a apresentação improvisada da Quadrilha Matuta Lambe-Foice, com encenação do casamento, seguida de um forró ao vivo que segue até o sol raiar. Um trio pé de serra dá início à festa, seguidos de Patrício do Acordeon e da banda Riata de Couro.

 

Durante a quadrilha improvisada, os matutos dançam pelas ruas do bairro até chegarem à Igreja Matriz de São Sebastião, onde buscam a noiva e retornam, convocando a população para a festa no palhoção montado na rua Canapi. Após a encenação do casamento, a população entra para a festa, que reafirma ano após ano o seu compromisso com o forró pé de serra. Além das atrações musicais, há opções de comidas juninas sendo comercializadas no local.

E toda a festa é construída coletivamente, através da venda de rifas, sorteio de balaio, doações e apoios culturais. “É o único arraial aqui do nosso bairro. Dá trabalho, tem custos, fico aperreada e às vezes até sem dormir pensando em como angariar recursos, mas todo ano a gente faz”, explica Marineide Alves, uma das organizadoras da brincadeira, cujo custo ultrapassa os R$ 7 mil. “A gente persiste e não desiste”, completa ela. Em 2025 a festa tem apoio cultural do vereador Samuel Salazar (MDB).

Este ano os quadrilheiros rifaram um liquidificador, um ferro de passar roupa, um perfume, um kit de salgados e um prêmio em dinheiro de R$ 200. No dia da quadrilha ainda será sorteado um balaio com arroz, feijão, fubá, biscoitos, um bolo de mandioca e uma caixa de cerveja – itens doados à quadrilha. A vizinhança também contribui na decoração da festa, que atrai moradores e ex-moradores para uma confraternização ao som da sanfona. “Eu fico emocionada, esqueço todos os aperreios”, brinca Marineide, que é filha de sanfoneiro e faz questão de destacar que foi “criada no meio do forró”.

Marineide lembra que era comum passar os domingos ao som da sanfona. “Os amigos deles iam lá para a nossa casa, ensaiar. Isso nos motivou. As cinco filhas dele adoram forró. Lambe-Foice é um sonho do nosso pai, mas também é nosso. Decidimos seguir com ela”, diz ela.

O início da Lambe-Foice

A brincadeira teve início ainda na década de 1970, já como uma confraternização entre vizinhos no Vasco da Gama, inicialmente na rua do Chafariz. A ideia partiu de Frutuoso Alves da Silva, sanfoneiro natural do Brejo da Madre de Deus, no Agreste pernambucano. Ele queria compartilhar com sua família e vizinhos as tradições e memórias afetivas do São João de sua terra. Ao longo da vida, Frutuoso e sua sanfona contribuíram com diversos grupos culturais do bairro. Ele faleceu em 2014, deixando cinco filhas.

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