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EUA e Israel têm resultados táticos, mas não têm sucesso estratégico, avalia Reginaldo Nasser

Os Estados Unidos entraram, efetivamente, no conflito contra o Irã para completar as ações de Israel. A avaliação é do professor Reginaldo Nasser, do curso de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

 

Para Nasser, no entanto, o saldo dos ataques, até o momento, é apenas destruição e morte, sem alcançar objetivos reais. “Estados Unidos e Israel têm sucessos táticos, ações militares, mas não têm sucesso estratégico. Quer dizer, a médio e longo prazo, onde que eles querem chegar com isso? Ninguém sabe, a não ser guerra e destruição”, afirma o professor.

“O agir de Trump é muito de acordo com as circunstâncias”, avalia o professor, que vê a ação estadunidense como uma consequência das informações divulgadas por Israel, após os ataques de 13 de junho.

Naquela ocasião, Israel atingiu infraestruturas nucleares do Irã. Um dos pontos destruídos foi a usina de Natanz, a maior do país. Ao menos 95 pessoas ficaram feridas.

“A informação de Israel aos Estados Unidos, de que teria penetrado completamente no sistema de defesa do Irã, desarticulando todo o sistema de defesa, fez com que os Estados Unidos de Trump autorizassem o ataque”, diz o professor.

A ofensiva estadunidense, realizada na noite deste sábado (21), atingiu três instalações nucleares iranianas. Segundo Trump, as estruturas foram “completamente destruídas”.

“Eu acredito que o Trump, tendo essa informação de fragilidade do Irã, apoiou Israel tranquilamente”, afirma Nasser. O professor retoma o processo de avanço das investidas israelenses, sempre apoiadas pelos Estados Unidos, desde o início do genocídio em Gaza, em outubro de 2023.

“Israel começou a expandir as suas ações. Foi para o Líbano, respondendo aos ataques em Iêmen, foi para Síria, e começou a atacar o Irã. Atacou a embaixada do Irã, atacou diretamente o Irã. E, durante todo esse processo, obteve a autorização dos Estados Unidos”, diz.

Neste domingo (22), em uma coletiva de imprensa em Istambul, na Turquia, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que os Estados Unidos “cruzaram uma linha vermelha”. “Temos que responder com base em nosso legítimo direito à autodefesa”, declarou o chanceler.

A entrada dos Estados Unidos no conflito marca a escalada dos ataques iniciados em 13 de junho. Na coletiva, Araqchi acusou Donald Trump de ferir a diplomacia. “Eles traíram a diplomacia, traíram as negociações. É irrelevante pedir ao Irã que retorne à diplomacia”, disse.

Nasser destaca que a ofensiva de Estados Unidos e Israel no Irã também serve para tirar o foco do genocídio em Gaza. Na quinta-feira (19), em mais um ataque israelense na região palestina, 72 pessoas foram assassinadas.

“O genocídio em Gaza continua, e está intimamente relacionado a isso. Durante esses dias do conflito com o Irã, inclusive, como todo mundo está olhando para lá, aumentou o número de mortes. E agora, além de alimento, está faltando água”, ressalta o professor.

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