

Liga americana é um dos principais mercados para buscar reforços no projeto esportivo da SAF comandada por John Textor. Alvinegro enfrentará o Seattle Sounders às 23h Chegou o dia. Hoje, às 23h (horário de Brasília), em Seattle, nos Estados Unidos, o Botafogo finalmente estreia na Copa do Mundo de Clubes da Fifa. O sorteio colocou o time carioca em um dos grupos mais difíceis do torneio, com PSG-FRA e Atlético de Madrid-ESP como próximos adversários. E quis o destino que a equipe de Renato Paiva abrisse sua campanha contra o Seattle Sounders, representante da MLS (Major League Soccer, a liga de futebol do país) e um dos “donos da casa”. A boa notícia é que, seja pelo perfil do projeto esportivo da SAF ou pelas conexões criadas por John Textor, o Botafogo conhece bem o futebol americano. O tal do soccer.
Desde que o alvinegro virou um clube-empresa, a MLS se tornou um dos mercados mais observados pela diretoria em busca de reforços. Integrantes da SAF afirmam ao GLOBO que veem na liga dos EUA os mesmos princípios que norteiam o Botafogo: foco em jovens jogadores sul-americanos. A ideia é unir retorno técnico e valorização no mercado, com atletas que possam render dentro de campo e também gerar lucro em futuras negociações.
Tiros certeiros
Foi esse raciocínio que levou o Atlanta United a contratar, em fevereiro de 2022, a jovem promessa argentina Thiago Almada, então com 19 anos, por US$ 16 milhões pagos ao Vélez Sarsfield. Dois anos depois, em junho de 2024, o Botafogo o comprou por US$ 21 milhões — valor que, até hoje, gera disputa judicial entre os clubes pelo não pagamento integral. Almada, que também era alvo do Lyon, outro clube do grupo Eagle, foi fundamental nas conquistas da Libertadores e do Brasileirão no ano passado. Atualmente, está na equipe francesa, onde é titular, e também vem brilhando na seleção argentina.
Outro exemplo dessa relação com a MLS é o uruguaio Santiago Rodríguez, que deve começar entre os reservas na estreia desta noite. Revelado pelo Nacional, do seu país, e negociado com o Grupo City em 2020, quando tinha apenas 20 anos, ele chegou ao Botafogo em 2024 por US$ 17 milhões (cerca de R$ 97 milhões à época).
Apesar do peso dessas contratações, o maior acerto do Botafogo nessa ponte com o futebol dos Estados Unidos atende por Jefferson Savarino. Contratado por US$ 2,7 milhões (R$ 13,2 milhões) junto ao Real Salt Lake, o venezuelano brilhou em 2024: foram 14 gols e 12 assistências em 55 jogos, além de atuações decisivas nas fases finais da Libertadores e do Brasileirão. Com a camisa 10 nas costas, tornou-se ídolo recente do clube.
Conexões americanas
A chegada de Savarino, aliás, simboliza as conexões de John Textor nos bastidores do futebol internacional. O Real Salt Lake tem como dono o americano David Blitzer, também acionista do Crystal Palace-ING, um dos clubes da Eagle Holding. Essas relações com redes multiclubes — sobretudo nos Estados Unidos, onde está sediada a empresa de Textor — facilitam as transações da SAF com a MLS.
Último a se apresentar para o torneio, por conta da Data Fifa com a seleção da Venezuela, Savarino deve ser titular nesta noite. Mesmo com a renovação recente, ele pode estar vivendo seus últimos momentos com a camisa alvinegra. O jogador sonha em atuar na Europa e deve pedir para ser negociado caso receba uma proposta vantajosa.
Enquanto Savarino pode estar perto de uma despedida, o Mundial também marca o início da trajetória de cinco reforços recém-chegados. Três deles têm chance de estrear já nesta noite: o meia argentino Álvaro Montoro e os atacantes Joaquín Correa e Arthur Cabral. A tendência, porém, é que comecem a partida no banco de reservas.
Vitrine internacional
Classificado para o Mundial de Clubes por ter conquistado a Copa dos Campeões da Concacaf em 2022, o Seattle Sounders chega no torneio sem grandes expectativas. Tanto é que o americano Brian Schmetzer, técnico da equipe, afirmou que se seu time conseguir marcar um gol em alguma das três partidas da fase de grupos, a participação dos donos da casa já terá sido “um sucesso”.
De modo geral, o Seattle Sounders enxerga o Mundial de Clubes como uma boa oportunidade para ganhar visibilidade como clube, mas também enquanto time. Há o pensamento, inclusive, de que um bom desempenho coletivo e individual por parte dos jogadores pode ser importante para alavancar as carreiras de atletas até então desconhecidos.
— Temos muitos jovens talentos e, talvez, quem sabe, o Obed (Vargas) faça um bom jogo e tenha a chance de se destacar e, no futuro, jogar na Espanha pelo Atletico, por exemplo — falou Schmetzer sobre o meio-campista americano com origem mexicana de 19 anos.
Outro meia é o brasileiro João Paulo, velho conhecido da torcida alvinegra. Atleta do Botafogo entre 2017 e 2019, João deve iniciar a partida entre os reservas.