Endividamento dos clubes brasileiros disparou em 2024, atingindo R$ 12 bilhões, segundo estudo da Sports Value. Isso representa um aumento de 22% em relação aos R$ 10 bilhões registrados em 2023. A escalada preocupa entidades e expõe a necessidade urgente de medidas regulatórias no futebol nacional.
A CBF anunciou a criação do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), que será elaborado pela Comissão Nacional de Fair Play Financeiro. O grupo, presidido por Ricardo Gluck, terá 90 dias para apresentar o projeto que pretende ser um marco de ética e controle no esporte.
Enquanto o SSF não entra em vigor, os clubes continuam gastando além do limite. O Fluminense, por exemplo, contratou 11 jogadores em um ano, investindo mais de R$ 200 milhões — incluindo cerca de R$ 30 milhões na compra de 50% dos direitos do atacante venezuelano Soteldo. O clube, que já acumula R$ 865 milhões em dívidas, é o 5º mais endividado da Série A.

Segundo o estudo, 22% da dívida total corresponde a passivos fiscais, mesmo com diversos perdões concedidos ao longo da última década. A reação da CBF tem respaldo em dirigentes que defendem um futebol mais profissional e sustentável.
Esse cenário gera apreensão não apenas entre torcedores, mas também entre analistas e economistas. Especialistas alertam que a tendência pode gerar crises institucionais e colapsos financeiros nos próximos anos, caso não haja fiscalização eficaz e penalidades claras para infratores.
Para alguns clubes, como o Fluminense, o endividamento tem relação direta com objetivos eleitorais internos. O presidente Mário Bittencourt, impedido de disputar novo mandato, busca se tornar CEO da futura SAF tricolor, o que pode explicar a agressiva política de contratações mesmo com o alto déficit.
A iniciativa da CBF vem após críticas à falta de governança no futebol e também diante do impacto crescente das SAFs no cenário nacional, como no Vasco e no Botafogo, clubes que também sofrem com passivos bilionários.