A exposição “O mais profundo é a pele”, do fotógrafo Rafael Medina, está em cartaz no Museu da Diversidade Sexual, localizado na estação República do metrô de São Paulo, até o dia 31 de agosto. A mostra gratuita reúne retratos de 25 pessoas LGBT+ com 50 anos ou mais e busca refletir sobre o envelhecimento dentro da comunidade, a partir de uma abordagem íntima e sensível.
“Esse projeto parte de um questionamento pessoal que eu já venho fazendo desde que saí do armário, há 20 anos, que é como seria, para mim, envelhecer sendo um homem gay”, conta Medina, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Há 20 anos não tinha muitos sujeitos gays, lésbicas e trans acima de 50, 60, 70 anos”, afirma. Hoje, mesmo com o envelhecimento da população, “são histórias que ficam um pouco apagadas”, avalia.
O fotógrafo destaca que o processo de criação das imagens foi marcado pela troca de experiências com os retratados. “É um grande privilégio ter oportunidade de fotografar essas pessoas e conversar com esses sujeitos, ouvir essas histórias. […] Como foi para uma pessoa LGBT a ditadura ou a crise da AIDS [Síndrome da Imunodeficiência Adquirida] nos anos 80, 90?”, diz. “Acho que tem um espaço de pensar a vulnerabilidade como força”, acrescenta.
Sem volta ao armário
A mostra dialoga com o tema da 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que acontece neste domingo (22), com o lema “Envelhecer LGBT+: memória, resistência e futuro”. Para Medina, o momento é oportuno. “Tivemos um vão geracional, principalmente por conta da epidemia de HIV[Vírus da Imunodeficiência Humana]/AIDS. Agora, nos últimos 20 anos, tivemos afirmação e conquista de direitos, e isso faz com que as pessoas se sintam mais confortáveis em aparecer”, analisa.
Ele espera que a parada traga mais visibilidade para pessoas LGBT+ mais velhas. “Alguns sujeitos perdem a rede de afeto deles e são obrigados a ‘voltar ao armário'[esconder orientação sexual ou identidade de gênero]. Eu quero ver nessa parada eles continuando a ter o orgulho, independentemente da idade”, declara.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
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