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Dia de Zé Pelintra vira alvo de intolerância religiosa de pastor evangélico em Barra do Piraí (RJ)

A Câmara Municipal de Barra do Piraí, município do sul fluminense, vota nesta terça-feira (24) um projeto que institui o 7 de julho como Dia Municipal de Zé Pelintra contra a intolerância religiosa. Em vídeo que circula nas redes sociais, no entanto, um pastor evangélico profere ofensas contra a iniciativa do vereador Pedrinho ADL (Solidariedade). 

 

No que parece ser um culto, o pastor chama Zé Pelintra de “entidade demoníaca” cujo objetivo seria “destruir famílias e levar para o vício em drogas, bebidas e jogo”. Representantes de terreiros de matriz africana imediatamente reagiram aos ataques, convocando uma manifestação pacífica em frente à casa legislativa nesta terça (24), às 17h. 

O discurso do pastor se agrava com ataques pessoais ao vereador Pedrinho, autor da proposta, que é chamado de “endemoniado”. Em outro vídeo, os fiés são convocados pelo pastor a irem à Câmara protestar contra a atuação do parlamentar que criou a Parada do Orgulho LGBT em Barra do Piraí. 

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Em carta conjunta, 15 representantes de casas de matriz africana reafirmaram que Zé Pelintra é uma entidade cultuada com respeito e reverência por milhares de brasileiros. Alerta ainda que cada fala de ódio proferida contra religiões de matriz africana tem potencial de se transformar em um ato de violência real.

“Os discursos de ódio que criminalizam, demonizam e marginalizam as religiões de matriz africana não são apenas ofensivos – eles colocam vidas em risco. O que começa com uma fala preconceituosa num púlpito ou nas redes sociais frequentemente termina em violência física contra terreiros, lideranças religiosas e praticantes”, diz o texto.

Repercussão

Parlamentares do Rio de Janeiro repudiaram o caso de intolerância em Barra do Piraí. O deputado estadual Carlos Minc (PSB) afirmou que o mandato solicitou, junto ao Ministério Público (MP), instauração de denúncia criminal contra o pastor. 

“Isso é intolerância religioso na veia. Sabe a quê isso leva? A um Estado teocrático. Transformar um dogma religioso em norma de Estado, sujeitando não apenas os crentes dessa religião, sujeitando todo mundo. Estigmatizando a fé de milhares de pessoas”, afirmou Minc nas redes sociais.

Para a deputada estadual Dani Balbi (PCdoB), a violência também teve elementos de homofobia. “O vereador Pedrinho vem sofrendo diversos ataques por valorizar a pluralidade de corpos e culturas que existem no nosso país. Além das críticas à Marcha LGBTQIAPN+, houve posicionamentos de outros parlamentares contra a criação do Dia Mundial do Zé Pilintra, com argumentos que explicitam o racismo religioso”, afirmou Balbi.

Por fim, a deputada estadual Renata Souza (Psol) também se solidarizou. “Nós vemos com preocupação esse ato de racismo religioso, de tentativa de demonização das religiões de matriz africana. Não tenho dúvida que Pedrinho, esse vereador corajoso, ousado, que estava atendendo um pedido do povo de axé e usou seu mandato para isso na Câmara de Vereadores, e foi completamente hostilizado com uma lógica de racismo religioso”, disse em vídeo.

Manifestação em apoio ao projeto de lei do Dia de Zé Pelintra em Barra do Piraí. (Imagem: Reprodução)
 

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