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CUT-RS debate impactos da transição energética no mundo do trabalho

A Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS) promoveu o seminário “Transição Energética e o Mundo do Trabalho”, na sede do SindBancários, em Porto Alegre. O evento reuniu representantes sindicais, acadêmicos, movimentos sociais e organizações ambientalistas para debater os impactos da transição energética no mundo do trabalho, em especial no contexto das mudanças climáticas.

 
 

A programação foi dividida em duas mesas temáticas. A primeira, intitulada “Trabalho e Clima”, discutiu como os eventos climáticos extremos que afetam diretamente a classe trabalhadora. A segunda, “Transição Energética, impactos e possibilidades para o Rio Grande do Sul”, abordou caminhos para garantir que o processo de transição energética no estado seja socialmente justo e inclusivo.

Participações e posicionamentos

A abertura contou com a participação do presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, que ressaltou a importância de incluir os trabalhadores no debate ambiental. “Os trabalhadores e trabalhadoras não podem pagar a conta dos desastres ambientais”, afirmou. Ele defendeu o engajamento sindical na pauta ambiental como uma questão de responsabilidade histórica diante da crise climática.

Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS, defendeu que trabalhadores participem das decisões sobre o futuro da energia – Foto: Rafa Dotti
 

Rosalina Amorim, secretária nacional de Meio Ambiente da CUT, destacou a necessidade de repensar o modelo energético atual e garantir que a transição ocorra com justiça social. “É urgente que a gente repense um novo modelo, incluindo o trabalhador e a trabalhadora nesse novo contexto”, disse.

Ricardo Franzói, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), afirmou que a CUT e outras entidades vêm tentando, há pelo menos cinco anos, inserir a pauta ambiental e da transição justa nas agendas do movimento sindical.

Entre os debatedores também estiveram o professor Dilermando Cattaneo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que apontou o agronegócio como principal responsável pelas emissões no Brasil; e Fagner Jandrey, do Movimento Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Mncr), que abordou o conceito de racismo ambiental e as desigualdades nas emergências climáticas.

Eduardo Ragusi, da Organização Não Governamental Amigos da Terra e da Cúpula dos Povos, criticou propostas que considera insuficientes para enfrentar a crise climática, como as apresentadas nas Conferências das Partes (COPs) e no Acordo de Paris. Ele apontou o agronegócio como um dos principais vetores de impacto ambiental.

Na segunda mesa, Nelson Karam, também do Dieese, apresentou dados sobre as emissões de CO₂ no Rio Grande do Sul, destacando que atividades agropecuárias e uso do solo representam cerca de 66% do total. Ele também apontou disparidades salariais entre trabalhadores de diferentes setores energéticos, observando que mineiros ganham, em média, o dobro dos trabalhadores em energia renovável.

Miriam Cabreira, do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS), avaliou que o debate sobre transição energética já se inicia sob influência de interesses econômicos que podem excluir trabalhadores e comunidades do processo. Segundo ela, “o capitalismo sequestrou a pauta da emergência climática”.

Debatedores abordaram os impactos sociais da crise climática e defenderam uma transição energética justa e inclusiva – Foto: Rafa Dotti
 

Frei Sérgio Görgen, do Instituto Padre Josimo, afirmou que a transição energética precisa ser ampla e inclusiva. “A esquerda mundial defende transição energética, nunca defendeu interrupção energética”, destacou. Ele também citou o desmatamento e o uso da terra como os principais fatores de emissão no Brasil.

Antônio Jaíson da Silva Silveira, presidente do Sindicato dos Eletricitários do RS (Senergisul), defendeu a permanência das fontes fósseis na matriz energética brasileira. Para ele, a energia térmica a carvão representa uma parcela pequena da geração nacional, enquanto o agronegócio seria o principal fator de pressão sobre o clima.

Entidades presentes

Além da CUT-RS, participaram do seminário representantes de diversas organizações sindicais e sociais, como Sindipetro-RS, Senergisul, SindBancários, Mncr, ONG Amigos da Terra, Instituto Padre Josimo, além de técnicos do Dieese, pesquisadores da Ufrgs, militantes da Cúpula dos Povos, entre outros.

O evento também contou com apoio da Fundação Friedrich Ebert Brasil (FES Brasil) e da Confederação Sindical das Américas (CSA), além da presença de dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Energia (CNU-CUT) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Químico (CNQ-CUT).

Transição justa como bandeira sindical

O seminário serviu como espaço de escuta, reflexão e articulação entre diferentes atores sociais e sindicais, com o objetivo de construir propostas que assegurem os direitos dos trabalhadores em um contexto de mudanças econômicas e ambientais. A CUT-RS reafirmou o compromisso de seguir defendendo uma transição energética justa, que leve em conta a proteção do meio ambiente e a inclusão social, sem deixar ninguém para trás.

 

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