No que depender do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), as taxas de juros no Brasil permaneceram entre as mais altas do mundo por um período “bastante prolongado”. Na mesma reunião em que o comitê decidiu elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano, seus membros chegaram a um consenso de que ela precisa se manter num patamar elevado por muito tempo para controle da inflação.
Essa conclusão está registrada na ata da última reunião do Copom sobre a Selic, que terminou na quarta-feira (18) e o documento foi divulgado pelo BC nesta terça (24). Segundo o texto, os membros do Copom avaliam que o cenário sobre a inflação no Brasil “segue desafiador em diversas dimensões”. Por isso, a restrição monetária promovida pela Selic tende a se prolongar por mais tempo do que o esperado.
“Em um ambiente de expectativas desancoradas, como é o caso do atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, diz a ata da reunião do Copom. “Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta.”
Nos últimos 12 meses encerrados em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,32% – acima da meta de até 4,5% definida pelo governo.
O que é Selic?
A taxa Selic é referência para a economia nacional. Serve como o principal instrumento disponível para o BC controlar a inflação no país.
Quando a Selic cai, os juros cobrados de consumidores e empresas ficam menores. Há mais gente comprando e investindo. A economia cresce, criando empregos e favorecendo aumentos de salários. Os preços, por sua vez, tendem a aumentar por conta da demanda.
Já quando a taxa sobe, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. Isso desincentiva compras e investimentos, o que contém a inflação. Em compensação, o crescimento de toda a economia tende a ser prejudicado.
Sabendo disso, desde que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende uma redução da Selic. Membros do Copom indicados Lula para o BC, incluindo o presidente Gabriel Galípolo, têm contrariado visões do Planalto.
Bancos preveem manutenção
Apesar da pressão do governo, economistas ligados a bancos já não acreditam que a chamada taxa Selic caia ainda em 2025. Para eles, a taxa encerrará o ano em 15%. Até a semana passada, eles estimavam que ele ficasse em 14,75% ao ano.
A nova expectativa está registrada na edição do Boletim Focus divulgada nesta segunda-feira (23). O Boletim é divulgado toda semana pelo BC com previsões de economistas vinculados ao mercado financeiro sobre indicadores da economia.
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