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Coletânea sobre ditadura militar resgata memórias silenciadas e combate negacionismo histórico

A historiadora Luciene Carris, organizadora da coletânea 1964, O Que Ainda Nos Resta Dizer?, que será lançada nesta quarta-feira (18) na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, vê a negação da ditadura militar (1964-1985) como fruto de um “interesse político” e de uma “instrumentalização da memória” por setores que buscam apagar o caráter autoritário do período. Para ela, é preciso recordar os horrores do regime para que ele não se repita.

 

“Há um interesse político e também a instrumentalização da memória, dos acontecimentos da ditadura militar para as pessoas negarem que houve uma ditadura de fato, um momento tão cruel, difícil da nossa história, um período tão nevado para a sociedade como um todo. Muitas pessoas negam, [dizem] que não houve censura, exceção porque não foram afetadas”, avalia Carris, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

A obra, com oito textos assinados por 11 autores, busca aprofundar temas ainda pouco explorados sobre a ditadura civil-militar brasileira e discutir seus impactos persistentes no país. “Esse é o papel do historiador: trazer a cada momento uma resposta com novos documentos, práticas e respostas para indagações que não eram feitas até então”, diz. “Nos preocupamos muito com essa polarização, o negacionismo, essa questão de negar os fatos por mais que haja documentos oficiais”, acrescenta.

O livro foi construído, segundo a historiadora, com base em “documentos e esforços primários, com pesquisa histórica séria […] para que determinadas coisas da nossa história, do Brasil recente, como tentativa de golpe, não ocorram de novo”. O Supremo Tribunal Federal (STF) julga, neste momento, agentes de alto escalão envolvidos em uma tentativa de golpe de Estado em 2022, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante a sua gestão, ele homenageou torturadores e negou a ditadura em diversas ocasiões.

Entre os destaques da coletânea estão capítulos que abordam as remoções forçadas na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ), os impactos do regime sobre povos indígenas, trabalhadores rurais sem terra antes da fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o uso de LPs (discos de vinil) como fonte histórica e a destruição da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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