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Cineasta mineiro sai consagrado do Festival Santa Cruz de Cinema 

Depois de ter voltado para Minas Gerais do Festival Santa Cruz de Cinema com o Troféu Tipuana de Trilha Sonora para seu curta Morro do Cemitério em 2024, o cineasta Rodrigo R. Meireles retornou neste ano e foi a grande sensação do evento. Seu quinto filme, Soneca e Jupa, saiu com três prêmios desta 8ª edição encerrada neste fim de semana.

 
Filme Soneca e Jupa, de Minas Gerais, foi eleito o melhor filme da 8ª edição do evento – Foto: Festival Santa Cruz/Pauta/Divulgação
 

Uma homenagem aos road movies, celebrando uma história de amizade, com uma Kombi, no cenário do interior mineiro e a entrada ilustre do cachorro vira-lata Jorge (este último, é verdade, rouba o afeto dos espectadores). Esta é a receita do enredo do grande vencedor do festival, que recebeu os troféus de Melhor Curta, Melhor Filme pelo Júri Popular e Direção de Fotografia. 

 

A cerimônia de premiação foi realizada no Auditório Central da Unisc, mesmo local que abrigou as sessões e debates. A noite ainda premiou À Borda da Vida, doc dirigido por Camila Bauer mostrando a relação da atriz Liane Venturella com sua mãe (outra figura e tanto que se viu na tela e arrancou risos da plateia), como melhor curta-metragem gaúcho. 

O Troféu Tipuana da Mostra Olhares Daqui, exclusiva para produções de Santa Cruz do Sul, ficou com A Balada de um Artista em Extinção, de Vitz Almeida e Maurício Bremm – um belo roteiro que discute a relação das artes visuais com as redes sociais e as relações interpessoais, fazendo um contraponto com a canção Dinossauros, da banda gaúcha Dingo. O que podemos afirmar até aqui, depois da cobertura de duas edições consecutivas do evento, é que a imaginação dos realizadores do município não está “limitada por problemas reais”, como sugere a letra da música. 

No discurso de agradecimento, Vitz dedicou o prêmio a seu pai, que lhe deu dinheiro para ir num passeio da escola à Feira do Livro e ele usou para comprar uma maletinha com histórias sobre dinossauros.

O bem-humorado A Balada de um Artista em Extinção venceu Mostra Olhares Daqui – Foto: Festival Santa Cruz/Pauta/Divulgação | Foto: Festival Santa Cruz/Pauta/Divulgação
 

O curta-metragem gaúcho Pastrana levou dois troféus, o de Melhor Direção para Gabriel Motta e Melissa Brogni, e Melhor Roteiro, assinado pelos dois diretores e Júlia Cazarré. Outros dois títulos gaúchos foram premiados: Ana Cecília, levou por Melhor Montagem, para André Berzagui, e Posso Contar nos Dedos, venceu a categoria Melhor Trilha Sonora, com Gabriel Portela e Nadine Lannes.

Quem também levou dois Troféus Tipuana foi a produção Vão das Almas, do Distrito Federal: Luan Vinícius foi escolhido Melhor Ator, e Sarah Noda pela Direção de Arte do curta. Dois destaques justíssimos, aliás, para essa contundente obra de gênero que resgata a lenda dos sacis na Chapada dos Veadeiros, filmada na comunidade quilombola Kalunga dessa localidade de Goiás.

Para a edição de 2026, Diego Tafarel, um dos organizadores do evento, já fez dois anúncios: o primeiro é o ator Reginaldo Faria como homenageado da 9ª edição, cuja data será de 15 a 19 de junho de 2026.

Vencedores do 8º Festival Santa Cruz de Cinema

Festival Santa Cruz de Cinema já tem data para 2026: 15 a 19 de junho – Foto: Luis Alexandre/Divulgação
 

Melhor Filme
Soneca e Jupa, de Rodrigo R. Meireles (MG)

Melhor Filme Gaúcho
À Borda da Vida, de Camila Bauer (RS)

Melhor Filme Mostra Olhares Daqui
A Balada de um Artista em Extinção, de Vitz Almeida e Maurício Bremm (Santa Cruz do Sul, RS)

Melhor Filme do Júri Popular
Soneca e Jupa, de Rodrigo R. Meireles (MG)

Melhor Direção
Gabriel Motta, Melissa Brogni, de Pastrana (RS)

Melhor Direção de Fotografia
Rodrigo R. Meireles, de Soneca e Jupa (MG)

Melhor Direção de Arte
Sarah Noda, de Vão das Almas (DF)

Melhor Ator
Luan Vinícius, de Vão das Almas (DF)

Melhor Atriz
Divina Valéria, de Cavalo Marinho (PE)

Melhor Roteiro
Gabriel Motta, Júlia Cazarré e Melissa Brogni, por Pastrana (RS)

Melhor Montagem
André Berzagui, de Ana Cecília (RS)

Melhor Trilha Sonora
Gabriel Portela e Nadine Lannes, por Posso Contar nos Dedos (RS)

Melhor Desenho de Som
Eduardo Loewenstein, por Ruído (PR)

Melhor Figurino
Antônio Medeiros de Oliveira e Tatiana Rodriguez, por Dependências (RJ)

Estreia da Rodada de Negócios teve oito projetos

Programação voltada ao mercado teve apresentação de realizadores locais e convidados – Foto: Pauta Conexão e Conteúdo
 

Neste ano, ocorreu o 1º Pitching & Rodada de Negócios da história do Festival Santa Cruz de Cinema, promovido pelo Santa Cruz Polo Audiovisual. Foram 13 projetos de produções audiovisuais inscritos, sendo oito selecionados: Melhor Amiga das Noivas, de Júlia Ribeiro Cazarré; Gringo, de Klaus Lopes; O Mago das Cores (sobre Aldo Locatelli), de Fernando Vanelli; Atos e Omissões, de Gustavo Acioli; Marvin, de Jonatan Pacheco; Porongos (drama histórico sobre o massacre dos lanceiros negros na Revolução Farroupilha), de Diego Müller; Tempo, Mano Velho (uma bem arquitetada proposta de dramédia em série sobre quatro personagens 60+), de Gabriela Kopp; e O que há de novo?, de Victor Castilhos.

Durante o pitching, os realizadores apresentaram suas ideias e foram questionados pelos júri de debatedores, formado pela produtora Paola Wink, pela diretora de séries documentais e longas de animação Daniela Israel e pelo produtor executivo e roteirista Pedro Guindani. Eles escolheram Tempo, Mano Velho, de Gabriela Kopp, como o Projeto Destaque do evento, o que foi interessante, uma vez que a eleita como melhor apresentadora é uma prata da casa e ambienta seu projeto na cidade de Santa Cruz, tendo o 5º episódio retratando a Oktoberfest.

“Essas ações de mercado, de formação são muito importantes para fomentar o cinema local, principalmente pela presença de realizadores de outros estados, pois gera essa integração e uma troca de culturas”, afirmou Paola Wink. “Na programação de ontem ministrei um workshop de produção executiva, então tem uma ação de continuidade do mercado, pensando em formação, em apresentar os projetos, conectar com os players de mercado”, complementou a jurada.

Representando o grupo de roteiristas santa-cruzenses de Tempo, Mano Velho, Gabriela Kopp destacou a importância da promoção do Pitch e Rodada de Negócios no festival: “Apresentar o projeto para mais pessoas e ver que elas  se apaixonam por ele tanto quanto nós é muito legal. O pitching é muito difícil, é um tempo muito reduzido, mas a gente sabe que é assim que o mercado funciona e talvez as pessoas não se deem conta do quão gigante é esse passo que o evento está nos proporcionando”. O projeto ainda foi selecionado por dois players para a Rodada de Negócios, “conversar com players e pessoas que já estão no mercado rodando séries que são incrivelmente famosas – e que a gente é muito fã, né? – É indescritível, e prova, mais uma vez, que existe cinema no interior do estado” afirma.

Olhar dos players convidados para conhecerem Santa Cruz

Os players de mercado – Carla Esmeralda, produtora cinematográfica, Bia Caldas, também produtora, com ampla experiência em cinema, streaming e publicidade, e Rodrigo M. G. Boecker, produtor de Criação e Conteúdo da GLAZ – acompanharam os pitchs e selecionaram, ao todo, seis projetos para conversas individuais.

O projeto Melhor Amiga das Noivas, foi o único apresentado no pitching que foi selecionado pelos três profissionais convidados. “Quando eu vi os players, pensei ‘se eu conseguir falar com qualquer um deles já vai ser incrível pro projeto’, pois assim começamos a criar relações, ir trocando ideia de projetos para trabalhos, e o feedback desse tipo de profissional é uma oportunidade que não consigo nem dimensionar”, comemorou a realizadora Júlia Ribeiro Cazarré.

“Estou impressionada com o profissionalismo do evento, profissionalismo do pitching e o profissionalismo dos projetos que encontrei aqui. Desejo que todos sejam feitos, especialmente os quatro que escolhi aqui para conversar, com quem tive uma maior identificação, porque os projetos são leituras de mundo, necessários para a sociedade, necessários para a audiência, necessários para o realizador se expressar no mundo. Minha palavra para esse festival é profissionalismo”, finalizou Carla Esmeralda.

O trio de players do mercado ainda apresentou um painel onde compartilhou orientações e percepções, visando contribuir ainda mais para o desenvolvimento e fortalecimento do audiovisual da região. 

 

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