Mirando as eleições do próximo ano, o MDB gaúcho firmou posição com a pré-candidatura do vice-governador Gabriel Souza ao Palácio Piratini. Além do governo do estado a legenda está com a meta de ampliar a representação na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. As lideranças do partido afirmam que o MDB governa a 25% da população gaúcha. Para o Senado da República o MDB cogita o nome do ex-governador José Ivo Sartori.


O cientista político Benedito Tadeu César, em conversa com o Brasil de Fato RS, afirmou que especulações sobre candidaturas sempre estão abertas. “Imediatamente após uma eleição, os políticos já começam a pensar na seguinte. Os que já têm mandato procuram mantê-los e os que não têm procuram obtê-los.”
Segundo César, quanto mais se aproximam as eleições, mais fortes tornam-se as especulações, tanto no interior dos partidos quanto na mídia, e elas se intensificam a partir da metade do ano anterior às eleições, pois o prazo para o domicílio eleitoral é de um ano. Aqui no Rio Grande do Sul, assim como nos demais estados, há tempos se levantam nomes possíveis ao governo do estado e ao Senado e no plano federal à Presidência da República.
César explica que muitos nomes são lançados, porque é preciso ocupar espaço e marcar posição. Depois, à medida que o tempo passa e as negociações inter e intra partidárias avançam, os nomes vão se depurando até se fixarem as candidaturas. Muitos se lançam a cargos executivos que sabem não terem nenhuma chance de obter candidaturas mesmo no interior de seus próprios partidos, apenas para ganhar espaço na mídia e divulgar seus nomes e, depois, se lançam para cargos legislativos. Sérgio Moro fez isso na eleição de 2022.
Bolsonaro mantém candidatura para unir seus apoiadores
No plano federal, ele disse que “temos muitos ensaios de candidaturas à Presidência da República, principalmente no espectro ideológico da extrema direita. Bolsonaro mesmo se mantém candidato, ainda que tenha consciência de que não se tornará elegível. Faz isso para manter seu eleitorado coeso e, tal como fez Lula em 2018, lançar um nome de confiança no último momento antes do encerramento do prazo de candidaturas ou depois de esgotar todos os recursos jurídicos possíveis”.
Conforme ele, o candidato de Bolsonaro deverá ser alguém que tenha bom trânsito eleitoral e que, acima de tudo, se comprometa irrevogavelmente com seu indulto ou anistia.
Hoje, na extrema direita, tem muita especulação em torno dos nomes dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de Goiás, Ronaldo Caiado, do Paraná, Ratinho Jr, e de Minas Gerais, Romeu Zema, além dos nomes familiarmente ligados a Bolsonaro: seus filhos, Eduardo e Flávio, e sua mulher, Michele. César ressaltou que “ainda que se comente muito sobre a viabilidade eleitoral de Tarcísio de Freitas, acho difícil que ele se arrisque a um voo federal se terá uma reeleição praticamente garantida ao governo de São Paulo”.
Na avaliação de César, o grande nome na extrema direita hoje e que agrada a Bolsonaro é o de Michele Bolsonaro. “Ela tem todos os requisitos para uma candidatura: é da total confiança de Bolsonaro, que terá certeza de que será anistiado ou indultado no caso de sua eleição; é evangélica neopentecostal fervorosa e, mais do que isso, é ‘convertida’, vem de uma família desajustada, com uma mãe presa por tráfico de drogas, tem um passado pessoal atacado por seus adversários, condições que a fazem uma evangélica neopentecostal exemplar – tudo o que seus adversários falarem contra ela somente aumentarão a sua popularidade e até uma certa devoção a ela.”
Para o cientista político, a extrema direita jogará pesado também na eleição de governadores, deputados estaduais e federais e principalmente senadores. “Será no Senado o grande embate, pois eles precisam conquistar maioria para poderem destituir os ministros do STF que os desagradam.”
Ele acredita que o centrão deverá negociar apoios e dificilmente lançará candidatos à Presidência da República. “Isso diminui as chances para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Sua transferência para o PSD, antes do colapso total do PSDB, serviu para manter sua imagem impoluta, garantir que seu nome continue circulando na mídia como presidenciável, mas, na minha visão, ele mira uma eleição quase certa ao Senado Federal. À esquerda, Lula se mantêm candidato, mas poderá abrir mão da disputa caso se sinta sem condições de saúde ou se estiver muito mal avaliado na opinião pública.”
O cientista político não compartilha da análise de que as pesquisas de opinião estejam revelando uma avaliação extremamente negativa do governo Lula. Para ele, elas revelam mais a cristalização das polaridades Bolsonaro/Lula, Lula/Bolsonaro e do antipetismo/antilulismo do que uma perda de prestígio de Lula ou uma péssima avaliação do seu governo. Os percentuais de aprovação são os percentuais históricos do PT e do Lulismo pré-eleitoral.
“Se o centro não tiver candidatura própria (e tudo indica que não terá), o temor da vitória de um candidato ligado a Bolsonaro mais a máquina de Estado nas mãos do atual presidente, garantirão a vitória de Lula e o seu quarto mandato presidencial. As pesquisas atuais já apontam que os eleitores temem mais o retorno de Bolsonaro (ou de alguém muito ligado a Bolsonaro) que de Lula.”
O caso gaúcho
Segundo César, os nomes para o governo do estado já estão na mídia. “O vice-governador Gabriel de Souza, pelo MDB, com apoio de Eduardo Leite, na centro-direita, Luciano Zucco, pelo PL, algum nome do Novo, pela extrema direita. Na centro-esquerda, os nomes de Juliana Brizola, pelo PDT, e de Edegar Pretto, pelo PT. Acredito que Paulo Pimenta seja o candidato do PT e sua coligação para o Senado.”
Na sua visão, dificilmente teremos uma candidatura de Frente Ampla no RS para o governo do estado e para o Senado. “A centro-direita terá a candidatura de Gabriel Souza, a extrema direita terá vários candidatos e a centro-esquerda sairá dividida, com Juliana Brizola e Edegar Pretto. Com a desistência de Paulo Paim se candidatar ao Senado, as chances da centro-esquerda conquistar a cadeira será muito reduzida, quase nula.”


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