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César maia completa 80 anos: veja objetos da trajetória do ex-prefeito que; lista inclui casacos azuis, corujas, amuleto e retrato como preso político

 

Ex-prefeito do Rio por três gestões e atual vereador ainda guarda relíquias em sua casa e no gabinete da Câmara Municipal Ao longo de três mandatos na prefeitura do Rio (de 1993 a 1996 e de 2001 a 2008) e de uma vida política que começou ainda muito jovem, aos 19 anos, na militância contra a ditadura, o hoje vereador Cesar Maia (PSD), que completa 80 anos nesta quarta-feira, colecionou vitórias, derrotas, polêmicas. Mas também muitos objetos pessoais que, ao longo tempo, fizeram história e construíram sua marca pessoal.
De um pequeno amuleto de tecido com areia da praia, passando pelos indefectíveis casaquinhos azuis que usava mesmo debaixo de sol forte, até o retrato de uma das vezes em que foi preso durante o regime militar e a velha mesa do pai, danificada por um coquetel molotov nos protestos de 2013. Conheça algumas dessas relíquias que marcam a trajetória do político que até este ano era o prefeito do Rio com mais tempo no cargo.
Amuleto e pasta
A pasta e o pequeno amuleto da sorte
Ana Branco
Cesar Maia perdeu as contas do tempo em que guarda um saquinho com areia que, no dia 31 de dezembro de cada ano, como um ritual, molha no mar de São Conrado.
— É para dar sorte — conta ele. — Este ano não vou conseguir ir até o mar, por causa do meu problema de mobilidade.
O saquinho da sorte é mantido dentro de uma pasta de couro envelhecida, da qual não se desgruda desde a época em que assumiu a prefeitura do Rio, em 1993.
Casaquinhos
De casaco mesmo debaixo de sol: o então prefeito Cesar Maia vistoria obras na Rua Real Grandeza, em Botafogo
Marcia Foletto
Os casaquinhos, em especial os azuis, eram marca registrada de Cesar Maia durante suas administrações na prefeitura do Rio. O ex-prefeito não abria mão da indumentária nem sob sol escaldante. Das dezenas de peças sobraram duas: uma azul petróleo, usada durante os Jogos Pan-Americanos (2007); e outra laranja, que vestia nas campanhas eleitorais.
Remanescente: casaco laranja compõem exposição na Câmara em homenagem aos 80 anos de Cesar Maia
Ana Branco
— Muitos casacos foram doados, dados, e ninguém lembra para quem. É como as corujas que eu também tinha, só ficaram duas. Muitos objetos foram dados porque as pessoas entraram na minha sala e pediram — diz ele.
As corujas
Uma das corujas que restaram da coleção de Cesar Maia
Ana Branco
Quem quer que tenha visitado o gabinete de Cesar Maia na época da prefeitura certamente lembra da grande quantidade de corujas que o prefeito tinha na mesa. A coleção começou por acaso. Depois da primeira recebeu muitas outras de presente. No fim do último mandato, pessoas próximas começaram a ser presenteadas com as pequenas representações das aves, associadas à sabedoria. Restaram apenas duas peças, que ficam na sala ocupada pelo vereador na Câmara Municipal.
Bonequinhos
Dois bonequinhos de Cesar Maia que restaram da coleção do ex-prefeito
Ana Branco
Cesar Maia era prefeito do Rio quando foram confeccionados os primeiros bonequinhos dele. As muitas miniaturas foram espalhadas por seus gabinetes no Centro Administrativo São Sebastião, na Cidade Nova, e no Palácio da Cidade, em Botafogo, e na Câmara, no Centro. Anos se passaram, e as peças tiveram o mesmo destino de casaquinhos e corujas: foram dadas.
Dois bonequinhos, no entanto, ainda ornamentam uma mesinha junto à poltrona onde Cesar costuma ficar boa parte do tempo, na sala de seu apartamento, em São Conrado.
Espingarda boliviana
Espingarda de 1820 que Cesar Maia trouxe da Bolívia
Ana Branco
Ao lado de uma espada do Azerbaijão, que ganhou do filho Rodrigo, entre tantos objetos na estante da sala de seu apartamento, em São Conrado, Cesar Maia colocou em lugar de destaque uma espingarda diferente. A arma, do século XIX, tem história.
— É uma relíquia da Bolívia, da guerra de independência, que comprei lá e trouxe comigo. No aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, o pessoal da Alfândega abriu a caixa, ligou para superiores e tratou aquilo como uma relíquia histórica — recorda.
São Jorge e Nossa Senhora de Fátima
São Jorge na sala de Cesar Maia
Ana Branco
Imagens de Nossa Senhora de Fátima, de devoção católica, e de São Jorge, venerado no catolicismo e também nas religiões de matriz africana , ocupam lugar de destaque na sala do apartamento de Cesar Maia, em São Conrado. Para se cercar de proteção, elas ficavam em seu gabinete na prefeitura. Ao fim da terceira administração, foram transferidas para a sua casa.
Nossa Senhora de Fátima na sala de Cesar Maia
Ana Branco
O Corneteiro de Pirajá
Réplica da estátua do Corneteiro, do artista Ique, presenteada a Cesar Maia
Ana Branco
No chão da ampla sala do apartamento onde vive em São Conrado, Cesar Maia conserva uma réplica em miniatura da escultura que representa o corneteiro Luís Lopes, figura que fez história na Batalha de Pirajá, um dos mais importantes combates pela Independência do Brasil, na Bahia. A peça foi um presente do cartunista e artista plástico Ique. O original, em bronze, bem maior, foi instalado na esquina das Ruas Visconde de Pirajá e Garcia D’ávila, em Ipanema, em 2005, primeiro ano do terceiro e último mandato de Cesar Maia na prefeitura.
Quadros soviéticos
Um dos quadros soviéticos da coleção de Cesar Maia
Ana Branco
Outra marca do ambiente de trabalho de Cesar Maia eram os “quadros soviéticos”, que reproduziam o peculiar design da propaganda da antiga União Soviética. Assim como no caso das corujinhas, dos casacos e dos bonequinhos, restaram apenas dois, que também estão na Câmara. Um dos quadros remanescentes da coleção traz o desenho de um cosmonauta e a seguinte inscrição (traduzida livremente, claro): “Glória à ciência soviética / Glória ao Homem soviético – o primeiro cosmonauta!” e a data 12 de abril de 1961 data do histórico voo da Vostok I levando a bordo Yuri Gagarin, o primeiro homem a orbitar o planeta.
O retrato
Preso pela ditadura de 1964: Cesar Maia fichado em uma de suas prisões
Ana Branco
A imagem mostra um jovem Cesar Maia, barba por fazer, cabelo desgrenhado e semblante sério, como é natural para o momento de incerteza após ser preso por agentes da ditadura. Na altura do peito, uma placa com o número 1478. Uma das prisões de Cesar, foi durante o famoso congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna, em 1968. Depois desta prisão, veio o exílio:
— Foi a última antes de seguir para o Chile por causa da repressão. Minha mãe me levou até Buenos Aires, e de lá fui para Santiago. Foi onde me formei em Economia. Depois, as coisas começaram a ficar complicadas no Chile também, no governo de Allende (presidente chileno deposto pelos militares no golpe de setembro de 1973), voltei para o Brasil (passando antes por Portugal). Meu pai conseguiu com um coronel do Exército que eu fosse recebido no aeroporto sem constrangimentos. Me levaram para casa, depois me levaram preso de novo — lembra.
A mesa do pai
A marca da queimadura feita pelo coquetel molotov na mesa que pertenceu ao pai de Cesar Maia
Ana Branco
Cesar Maia conserva a mesa que pertenceu a seu pai no espaço que ocupa na Câmara Municipal. O móvel, robusto, traz uma marca que impressiona: durante os protestos que marcaram o ano de 2013, um coquetel molotov foi atirado no prédio da Câmara, atravessou a janela e caiu em cima da mesa. Por sorte, não houve incêndio de maiores proporções, mas a marca no tampo segue lá até hoje. Assessores sugeriram mandar para restauro, mas Cesar preferiu deixar como estava: “É uma marca da história”, disse aos auxiliares. Um vidro grosso foi providenciado e disposto em cima do buraco.
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