

Outro médico implicado no caso, Mark Chavez se declarou culpado em outubro por conspirar para distribuir a droga sintética ao ator semanas antes de ser encontrado morto O caso da morte de Matthew Perry ganhou novos contornos na última segunda-feira (16), quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou que o médico apontado como fornecedor de cetamina ao ator vai se declarar culpado. Segundo a instituição, Salvador Plasencia deve assumir a responsabilidade por quatro acusações de distribuição da substância, “que podem resultar em uma pena máxima de 40 anos de prisão federal”.
O outro médico implicado no caso, Mark Chavez, se declarou culpado em outubro por conspirar para distribuir a droga sintética ao ator semanas antes de ser encontrado morto em sua residência em Los Angeles. Principal médico processado neste caso, Plasencia planeja se declarar culpado por distribuição de cetamina “nas próximas semanas”, informou a promotoria em um comunicado.
Perry, que marcou uma geração com seu papel sarcástico como Chandler Bing em “Friends” e que lutou por anos contra vícios, foi encontrado morto na banheira de hidromassagem de sua casa no ano passado.
A autópsia determinou que ele morreu devido aos “efeitos agudos da cetamina”, uma droga controlada que o ator, em recuperação do vício, tomava como parte de uma terapia supervisionada. No entanto, esse anestésico legal às vezes é usado com fins recreativos, e Perry voltou a usá-lo de forma descontrolada em 2023. Sua recaída o levou a cair nas mãos de traficantes de drogas e médicos “sem escrúpulos”, segundo os investigadores.
Em documentos apresentados no tribunal federal da Califórnia, os promotores alegaram que o assistente de Perry e um conhecido haviam colaborado com dois médicos e um traficante de drogas para adquirir dezenas de milhares de dólares em cetamina para Perry, que há muito tempo lutava contra o abuso de substâncias e o vício.
Papel central
O doutor Plasencia é acusado de ter desempenhado um papel central no caso, embora não tenha sido ele quem forneceu a cetamina que matou o ator. Segundo a promotoria, esse médico teria se aproveitado do comediante doente.
“Me pergunto quanto esse idiota vai pagar”, escreveu Plasencia em setembro de 2023, em uma mensagem de texto recuperada pelos investigadores.
O acordo de confissão divulgado na segunda-feira destaca que Plasencia recebia a droga do doutor Chavez e ia pessoalmente à casa de Perry para injetar cetamina nele ou entregá-la ao assistente da estrela.
Ao todo, Plasencia “distribuiu 20 frascos” de cetamina ao ator em cerca de quinze dias no outono de 2023 no hemisfério norte, segundo a promotoria. As autoridades haviam dito anteriormente que os frascos de cetamina custavam cerca de 12 dólares para os médicos envolvidos, mas eram vendidos a Perry por “2.000 dólares”.
Perry foi encontrado inconsciente em uma banheira de hidromassagem em sua casa em Los Angeles no dia 28 de outubro de 2023. O laudo forense concluiu que ele morreu por uma overdose acidental de cetamina.
Cinco suspeitos estão sendo processados por envolvimento na morte de Perry. Além de Plasencia e Chavez, outra acusada é Jasveen Sangha, uma traficante de drogas conhecida em Hollywood como a “rainha da cetamina”. Essa cidadã britânica e americana vendeu o frasco de cetamina que matou o ator e enfrenta prisão perpétua. Ela se declarou inocente.
O assistente pessoal de Perry, Kenneth Iwamasa, e um intermediário, Eric Fleming, já aceitaram se declarar culpados.
“Pequenos deslizes”
Friends, exibida entre 1994 e 2004, se tornou um verdadeiro fenômeno cultural. As aventuras de um grupo de amigos em Nova York entrando na vida adulta marcaram toda uma geração de espectadores.
Mas nos bastidores, Perry escondia uma profunda angústia por trás de seu personagem jovial, Chandler. Lutava há anos contra o vício em medicamentos e álcool. Em suas memórias publicadas em 2022, confessou ter passado por 65 internações em clínicas de reabilitação, que lhe custaram mais de 9 milhões de dólares.
Ele também se submeteu a várias cirurgias relacionadas aos seus problemas com drogas, incluindo uma operação de sete horas no cólon em 2018. “Eu já deveria estar morto”, chegou a dizer.
Em uma aparição na televisão pouco antes de morrer, o ator surpreendeu o público ao admitir que sofria de ansiedade grave “todas as noites” durante as gravações de Friends.
Nas memórias, intituladas “Friends, lovers and the big terrible thing” (Amigos, Amores e a Grande Coisa Terrível, em tradução livre), Perry descreveu como se desintoxicou dezenas de vezes.
“Estou quase sóbrio desde 2001”, escreveu ele, “salvo por uns sessenta ou setenta pequenos deslizes”.