
Atriz paraibana diz que interpretar Rosa, personagem inspirada em Maria Bonita, foi processo intenso: ‘Realizei o sonho da minha vida’ No calor escaldante do sertão, em meio à poeira vermelha da região, Isadora Cruz fez mais do que viver a protagonista de uma história marcada por sangue e bravura. “Guerreiros do sol”, novela que estreou nesta semana no Globoplay e no canal Globoplay Novelas (antigo Viva), é livremente inspirada na trajetória de Lampião e Maria Bonita. E coube à atriz o papel da cangaceira.
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— Realizei o sonho da minha vida ao fazer o papel de Maria Bonita! Sempre quis interpretar uma cangaceira arretada. Foi um processo intenso. A história tem muita violência, luto. Eu chegava em casa muito cansada — conta a paraibana, que recentemente foi vista na TV como a Roxelle de “Volta por cima”, novela das sete que terminou em abril e que foi gravada depois de “Guerreiros do sol” ter sido finalizada: — Ter pego uma personagem mais leve e engraçada era o que eu precisava para sair desse universo pesado que é o cangaço.
Na trama, Rosa e Josué (Thomás Aquino) são dois sertanejos que se tornam um famoso casal do cangaço. A jovem desafia as amarras sociais do sertão dos anos 30 e se apaixona pelo rapaz inspirado em Lampião. A atriz diz que a preparação para o trabalho lhe exigiu física e espiritualmente, e o que começou como mais um papel na teledramaturgia se tornou uma reconexão com a própria história.
— Sinto que me religuei com as mulheres da minha família, nordestinas, paraibanas, que sofreram muito. Também me reconectei com a ancestralidade, com a dor dessas mulheres que passaram por tantas injustiças. Eram presas em casa, não podiam fazer sua arte. Muitas tinham poderes mediúnicos e eram vistas como bruxas, tinham que ser excluídas da sociedade. Todas as mulheres que tinham qualquer tipo de empoderamento, de poder, de vontade própria, eram mortas. Isso está registrado dentro de mim, das minhas bisavós, tataravós que não conheci, mas estão no meu DNA. Isso foi muito forte para mim. Eu e Alice (Carvalho, que interpreta Otília, irmã de Rosa) sempre conversávamos sobre como conseguir acessar esse campo energético, e era muito difícil — conta.
Vigiada por espíritos
‘Guerreiros do Sol’: Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomás Aquino)
Estevam Avellar/Rede Globo
A atriz, que morou três meses no sertão para as gravações de “Guerreiros do sol”, afirma que sentiu uma energia mística nos locais por onde Lampião passou e que viveu a sensação de ser vigiada por espíritos!
— No sertão, o tempo é outro. A gente fica com outra postura, outro corpo, outra respiração. Tanto pelas condições climáticas quanto pela energia. E a gente sentia uma energia enorme, parecia que estávamos acompanhados. Quem acredita no mundo espiritual, como eu, sentia arrepios o tempo todo. Era como se eu estivesse sendo observada — relembra, acrescentando que, quando o assunto é religião, ela bebe em todas as fontes: — Eu me considero uma espiritualista. Acredito no espiritismo, no budismo. Acho a cabala, do judaísmo, linda! Creio em Jesus, leio a Bíblia, sou cristã. Acredito em anjo, nos santos todos da Igreja Católica. Todo santo está me ajudando, graças a Deus. Quanto mais ajuda, melhor!
‘Sensação térmica de 50 graus’
Rosa (Isadora Cruz) em “Guerreiro do sol”
Estevam Avellar/ Rede Globo/ Divulgação
Sobre os locais por onde passou para gravar “Guerreiros do sol”, Isadora lembra:
— A gente era um grupo de cangaceiros, todos vestidos a caráter. Passamos por todos os lugares em que Lampião realmente passava com seu bando. Gravamos no Raso da Catarina, que era para onde ele levava os policiais para morrerem de calor. É uma cordilheira com pedras que esquentam. No meio dessas montanhas, onde ficava a casa de Rosa, ficava muito quente. Uma sensação térmica de quase 50 graus! Mas, ao mesmo tempo, com aquela energia do sertão, eu me sentia em casa.
Somado a esse calorão, o figurino usado em cena deixava tudo ainda mais abafado.
— As roupas eram muito cobertas. Usávamos meia-calça de lã, manga comprida, lenço no pescoço… E os cangaceiros são nômades. Então, além das roupas, tudo que eles tinham, carregavam com eles. A gente usava umas bolsas cheias de coisas — descreve Isadora, que, apesar desses perrengues, adorou a experiência: — Eu não tenho marido, nem menino pequeno esperando por mim, então tenho alma de passarinho. Amo gravar em locação, amo viajar porque sinto que a gente se conecta mais com o projeto, com o personagem.
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