O Brasil pode enfrentar novamente uma onda de queimadas nos próximos meses, impulsionada pelo período seco e pela ação humana. O alerta é do geógrafo Wagner Ribeiro, professor do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Os meses de julho e agosto têm menor incidência de chuva, e é também um período que acaba estimulando a prática criminosa de atear fogo às áreas”, afirma.
Segundo um relatório do MapBiomas, o fogo destruiu cerca de 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, 62% acima da média histórica. Ribeiro destaca que biomas como o Pantanal, o Cerrado, a Amazônia e a Mata Atlântica foram fortemente atingidos. Ele chama atenção para a necessidade de diferenciar as queimadas tradicionais das ações criminosas. “Isso não pode mais passar incólume. Não podemos ser tolerantes com esse tipo de prática no século 21”, diz. “Perder nossa sócio-biodiversidade é perder o futuro do país”, indica.
O relatório aponta ainda que boa parte dos incêndios tem origem em áreas de pastagem, usadas por grileiros e fazendeiros. Para o professor, esse tipo de ocupação é facilmente identificável e “tem que ser coibida”. “Ao ver alguém ateando fogo na beira de uma estrada, por exemplo, em uma área reservada, preservada, é necessário fazer uma denúncia e acionar o quanto antes as equipes de defesa civil, brigadas de incêndio, corpo de bombeiros e até a própria guarda florestal”, orienta.
Ribeiro também ressalta que o avanço do desmatamento aproxima as áreas urbanas do risco de incêndios, que podem ser deflagrados até por fenômenos naturais. “É agravado pela ação humana. Nós estamos desmatando em demasia, essas áreas estão ficando cada vez mais secas, e aí, evidentemente, uma pequena fagulha de um raio, que é natural, pode causar fogo”, explica.
Para ele, é fundamental combinar o uso de tecnologias de monitoramento com atuação rápida das brigadas e órgãos de fiscalização. “Um incêndio criminoso é, inclusive, antiprodutivo para o próprio pecuarista. É preciso deixar isso muito claro. Não é inteligente plantear fogo da maneira como isso ocorre com regularidade no Brasil”, destaca.
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