

Motoristas do Rio de Janeiro faturam em média R$ 3.500 por mês, segundo levantamento do GigU, que utiliza dados captados diretamente na tela das plataformas de viagens para ajudar condutores a maximizar seus ganhos Motoristas de aplicativos que rodam na cidade do Rio de Janeiro conseguem ter, em média, R$ 3.542,14 de lucro por mês. O valor coloca a capital fluminense no segundo lugar do ranking nacional, atrás apenas de Pelotas, no Rio Grande do Sul, onde o ganho médio chega a R$ 4.156,84.
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Os dados são de um levantamento feito pela GigU — antiga StopClub —, startup que desenvolveu uma ferramenta para ajudar motoristas de plataformas como Uber, 99 e InDrive a identificarem se uma corrida compensa financeiramente.
A pesquisa considerou as cidades com maior número de usuários da função “cálculo de custo”, que mostra quanto o motorista efetivamente gasta para rodar — e, por consequência, quanto está ganhando. Dos mais de 210 mil usuários do aplicativo, 93 mil preencheram os dados de novembro de 2023 até maio deste ano.
Com essas informações, segundo Paolo Kostenbader, líder de Inteligência de Dados da GigU, o sistema gera um diagnóstico completo da operação:
— Para ele aumentar a performance, indicamos quais corridas têm mais chance de trazer um retorno maior.
Números de levantamento de ganhos e custos financeiros de motoristas de aplicativos
GigU
Custos de combustível e aluguel de carros
Segundo o levantamento, os 20,7 mil motoristas de apps que utilizam a GigU no Rio gastam, em média, R$ 2.228,57 por mês somente com combustível.
Outro fator que pesa no bolso é o da locação de carros: 24% dos motoristas da cidade alugam veículos para trabalhar, o que eleva ainda mais as despesas mensais. Somando todos os custos operacionais, os condutores do Rio desembolsam, em média, R$ 50.065,71 por ano para se manterem na ativa.
Foco nos lucros
A GigU consegue cruzar o valor da corrida com a distância e o tempo estimados. O motorista, por sua vez, define parâmetros, como valores mínimos que deseja ganhar por quilômetro, minuto e hora.
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— O aplicativo consegue analisar os dados no momento em que a oferta da corrida surge na tela dos principais aplicativos, como Uber, 99, InDrive e, mais recentemente, o iFood, ainda em fase experimental — diz Kostenbader.
Por meio dos critérios estabelecidos pelos condutores, o app envia mensagens com um sistema de cores, chamado de “semáforo inteligente”, indicando verde para corridas lucrativas, amarelo para as que mal cobrem os custos e vermelho para as que devem gerar prejuízo. Além disso, o motorista pode consultar o histórico detalhado com valores recebidos por quilômetro e por tempo, o que permite acompanhar seu desempenho.
Resposta rápida para os motoristas
Motorista Maycon Kanaan conta que, após usar o app que indica corridas vantajosas, passou a lucrar mais aceitando menos viagens
Marcos Furtado/Extra
Segundo a GigU, as informações sobre a rentabilidade da corrida são enviadas em 0,6 segundo. Essa agilidade é essencial para o motorista, já que apps como Uber e 99 costumam dar somente cinco segundos para aceitar ou recusar uma corrida, segundo os condutores ouvidos pelo EXTRA.
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O motorista Maycon Kanaan afirma que passou a lucrar mais desde que começou a usar a GigU. Antes, diz ele, ao rodar cerca de 300 quilômetros com corridas mal remuneradas — com pagamento de R$ 1,50 a R$ 1,60 por quilômetro —, o rendimento girava em torno de R$ 450.
— Agora, consigo selecionar melhor e passei a ganhar R$ 800 com a mesma quilometragem — conta.
Atualmente, a GigU analisa a possibilidade de incluir filtros para o condutor escolher os bairros onde deseja rodar.
— Só que isso esbarra em alguns problemas. Como vamos determinar que um bairro é ruim? — pondera Luiz Neves, cofundador e CEO da GigU.
Uber questiona na Justiça ‘cálculo’ e ‘recusa automática’
A Uber acusar a GigU de concorrência desleal
Hermes de Paula /Arquivo
O uso de ferramentas auxiliares por motoristas de aplicativos tem incomodado a Uber. Em ação judicial movida contra a GigU, o app de transporte acusa a startup de concorrência desleal e afirma que duas funcionalidades — “cálculo de ganhos” e “recusa automática” — acessam indevidamente dados de sua plataforma.
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Além do “cálculo de ganhos”, que apresenta a rentabilidade das corridas, a “recusa automática” rejeita viagens que não atendam aos critérios estabelecidos pelo motorista, sem que isso necessite ser feito manualmente. Segundo a Uber, esse tipo de recurso interfere no funcionamento do serviço.
A empresa chegou a obter liminar na 2ª Vara Empresarial de São Paulo, obrigando a suspensão das funções sob multa diária de R$ 50 mil, limitada a R$ 5 milhões. No entanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) derrubou a decisão, por unanimidade, por falta de provas técnicas de que as ferramentas causassem dano direto.
— A Justiça reconheceu que não se pode interditar uma tecnologia sem perícia – diz Bruna Kusumoto, especialista em Direito Digital.
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O processo está em fase de produção de provas. As empresas devem indicar um perito para avaliar a interação entre os sistemas. A StopClub também denunciou a Uber ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por abuso de poder econômico, alegando que a plataforma teria pressionado motoristas a desinstalarem o app rival.
— Estamos diante de uma encruzilhada regulatória: proteger o poder de escolha dos motoristas e, ao mesmo tempo, garantir que a inovação não prejudique o consumidor final. Mas sufocar startups sem perícia, com liminares exageradas ou alegações genéricas, compromete a liberdade econômica e a inovação digital no país — avalia a advogada.
Procurada, a Uber afirmou que usa todos os recursos possíveis para proteger sua plataforma. Declarou ainda que “não é permitido o uso de ferramentas de automação que impactem negativamente no equilíbrio da plataforma”.
Outro aplicativo que indica quais viagens recursar
Motoristas de app, Paulo Henrique e Rogério da Silva aguardam novas corridas no estacionamento do Aeroporto do Galeão
Marcos Furtado/Extra
Além da GigU, outras plataformas têm ganhado espaço entre motoristas de aplicativo que buscam melhorar seus ganhos e evitar corridas pouco vantajosas. É o caso do Rebu — Uber ao contrário —, usado por motoristas como Rogério da Silva, de 49 anos, que atua há dez meses na Uber e na 99.
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O aplicativo exibe rapidamente o valor, a distância e o tempo estimado da corrida, e assim como o GigU, utiliza um sistema de cores para indicar se o trajeto vale a pena.
— Hoje, consigo definir parâmetros mínimos, como valor por quilômetro de R$ 1,60 e R$ 2, para decidir aceitar — conta Rogério da Silva.
O Rebu funciona em todo o Brasil e tem cerca de 290 mil usuários ativos, sendo 38 mil no Estado do Rio.
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A empresa afirma que não utiliza a interface de programação de plataformas como Uber e 99. Segundo a startup, o cálculo é feito com base em dados que os próprios motoristas compartilham ao usar o aplicativo — por exemplo, valor da corrida, distância, tempo de viagem e localização. A partir disso, o app usa tecnologias de análise de dados para identificar padrões e calcular automaticamente se uma corrida é financeiramente vantajosa.
Outro motorista, Paulo Henrique, de 31 anos, usou aplicativos dessa natureza por um ano e meio e agora calcula mentalmente o custo-benefício das corridas.
— Hoje, tento fazer os cálculos na cabeça, mas o aplicativo oferece um valor exato. Antes, eu não tinha muita noção de como calcular o valor das corridas — diz.
Aumento da espera por viagens
Na análise de Fabricio Curvello Gomes, especialista em Tecnologia da Informação (TI) pela Firjan Senai, esses aplicativos funcionam por meio de serviços de acessibilidade de pessoas com deficiência, que permitem o acesso ao conteúdo exibido na tela de outros apps.
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— Tecnicamente, essa operação é viável. O volume de dados analisado é pequeno, e o processamento é feito localmente no próprio dispositivo do motorista, sem depender de servidores externos — explica.
Segundo Fabricio, essa tecnologia pode trazer riscos à privacidade dos dados do motorista:
— Ao utilizar serviços de acessibilidade, esses apps têm potencial para acessar uma grande quantidade de informações sensíveis presentes na tela do dispositivo, inclusive dados pessoais, senhas, histórico de mensagens ou localização. Caso não adotem boas práticas de segurança, isso pode resultar em vazamentos de dados ou uso indevido das informações.
O especialista também aponta que o uso dessas ferramentas pode afetar os passageiros:
— Os principais efeitos são o aumento na taxa de recusa de corridas, especialmente daquelas consideradas menos rentáveis, e a ativação frequente da tarifa dinâmica, em razão de muitos motoristas recusarem simultaneamente corridas em determinadas áreas — avalia.
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Welington Silva, morador do Rio das Pedras, Welington Silva, morador do Rio das Pedras, enfrenta dificuldades constantes para conseguir corridas pelo aplicativo 99, já que a Uber não opera na sua região. Ele relata esperas de 5 a 10 minutos para que motoristas aceitem suas chamadas, muitas vezes com cancelamentos.
— Os aplicativos tem demorado muito de uns tempos para cá. Preciso até mandar mensagem para não cancelar.
Para driblar a situação, Welington recorre a outros apps ou motoristas particulares. Além disso, enfrenta problemas com motoristas que se recusam a buscá-lo no local exato, preferindo deixar o passageiro em vias principais, o que já gerou discussões. Para usar Uber, Welington precisa se deslocar a bairros vizinhos, onde o serviço funciona melhor, e assim tenta reduzir o tempo de espera.
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A advogada Amanda Cunha reforça que o consumidor tem direito à reparação por falhas:
— Se ficar demonstrado que o serviço não foi prestado adequadamente por causa de interferências externas, o consumidor pode pleitear reparação por falha na prestação do serviço, inclusive em ações individuais ou coletivas.
Embora não tenham vínculo direto com os plataformas auxiliares usadas pelos motoriras, os aplicativos de viagem, como Uber, 99 e InDrive, segundo Amanda, têm o dever legal de garantir a qualidade e segurança do serviço prestado.
— Se houver omissão quanto à fiscalização ou tolerância ao uso dessas ferramentas por motoristas, é possível reconhecer a responsabilidade civil da plataforma — afirma.
Outras ferramentas do GigU e do Rebu
Cálculo de ganhos* ou Cálculo de corridas Uber**
Quando a plataforma oferece uma corrida, a ferramenta analisa a chamada recebida com base nos parâmetros cadastrados pelo motorista no aplicativo, como valor por km, valor por hora e nota do passageiro. Por exemplo, ele pode definir que uma corrida boa paga R$ 2,00 por km. Em cerca de 0,6 segundos, o sistema exibe essa informação na tela dentro de um quadrado cuja borda muda de cor — verde, amarelo ou vermelho — conforme os parâmetros definidos pelo usuário. O GigU* oferece essa função para condutores que usam Uber, 99 e InDrive. No Rebu**, essa ferramenta está disponível somente para o Uber.
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Câmera secreta
A GigU e Rebu permitem ao motorista registrar situações de perigo ou qualquer ocorrência dentro do carro que precise ser usada como prova. A gravação acontece em segundo plano, sem interferir no uso do celular e sem exibir a filmagem na tela do dispositivo.
Cálculo de Custos* e Controle Financeiro**
Tanto no GigU* como no Rebu** o motorista pode registrar informações sobre o veículo, como se o carro é alugado ou financiado, além dos ganhos e custos em cada plataforma que utiliza. Também insere despesas como combustível, manutenção e IPVA. Ao final, o aplicativo gera um diagnóstico mostrando a porcentagem que cada custo representa no total, ajudando a entender melhor a rentabilidade.
Aviso de sinal de internet fraca
Quando o sinal está fraco ou o plano de dados chega ao fim, os aplicativos de corrida podem simplesmente parar de tocar, mesmo que o motorista esteja em uma área com alta demanda. Ao detectar essa falha, o Rebu emite um alerta sonoro avisando que o celular está sem internet. Com isso, o motorista consegue agir rapidamente — seja saindo da região com sinal fraco, ativando e desativando o modo avião para forçar uma reconexão.
Recusa automática
Permite programar a recusa de chamadas de corrida que não atendam aos critérios estabelecidos pelo motorista na função de cálculo de ganhos. Assim, o sistema rejeita corridas que estejam fora dos parâmetros.
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Alerta de furto ou roubo de veículo
O Rebu oferece uma função para o motorista informar rapidamente o roubo ou furto do próprio carro, incluindo placa, modelo e local do crime. A notificação é enviada para outros motoristas que estejam nas proximidades, em um raio de alguns quilômetros. A ideia é formar uma rede de apoio: se alguém localizar o veículo, pode entrar em contato com o dono e ajudar na recuperação.
Corrida particular
Voltado para motoristas profissionais, o Rebu oferece uma funcionalidade de corrida particular com cálculo próprio. O motorista pode definir o valor desejado por hora ou minuto, ativando um recurso semelhante a um taxímetro — apelidado de “uberímetro”. Ao final da corrida, o app gera um recibo para ser enviado ao passageiro, útil inclusive para quem precisa de reembolso corporativo.
Consulta de postos GNV
Muito utilizada no Rio de Janeiro, essa função do Rebu ajuda motoristas a encontrarem postos que oferecem Gás Natural Veicular (GNV), combustível mais barato e comum entre profissionais de aplicativo. A ferramenta informa a localização dos postos e o preço do metro cúbico, com base em atualizações colaborativas feitas pelos próprios motoristas. Assim, é possível comparar valores e escolher a melhor opção de abastecimento.
Compra, venda e aluguel de veículos
O Rebu oferece uma espécie de “classificados” voltado aos motoristas de aplicativo. Dentro do próprio app, é possível anunciar carros para venda ou aluguel, facilitando a conexão entre quem precisa de um veículo e quem deseja negociar. A funcionalidade atende tanto motoristas autônomos quanto empresas.
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Walkie Talkie
A GigU permite enviar mensagens de áudio para amigos e avisar sobre o que está acontecendo no carro. Os usuários podem se conectar para compartilhar sua localização em tempo real (radar), o que pode ser visto por até três mil pessoas simultaneamente.
Ao Vivo – Botão de SOS* ou Botão de pânico**
Na GigU*, é uma evolução da câmera secreta que transmite ao vivo o que está ocorrendo no carro para amigos. O motorista pode ativar um botão de SOS, enviando a transmissão em tempo real para um grupo dentro de sua lista de contatos. O Rebu** envia um botão de pânico físico para o condutor colocar atrás do volante. Em caso de perigo, este pode ser acionado para um grupo de apoio formado por outros motoristas parceiros.
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Alerta de área de risco
Funcionalidade exclusiva do Rebu, o alerta é colaborativo: motoristas indicam dentro do app quais regiões são perigosas em suas cidades. Quando se aproximam, o aplicativo emite avisos.
Melhores regiões
O Rebu indica aos motoristas as regiões com maior chance de corridas mais vantajosas. A ferramenta analisa grandes volumes de dados (big data), como histórico de corridas.
Preços
O GigU cobra assinatura mensal de R$ 12,90. Já o Rebu tem um valor de R$ 117 para acesso aos serviços de forma vitalicia.