

O Corpo de Bombeiros do quartel do Humaitá foi acionado por volta das 21h40 do sábado para atender à ocorrência; ninguém ficou feriado Um trecho do muro do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ), localizado na Rua Batista da Costa, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio, desabou na noite de sábado. O Corpo de Bombeiros do quartel do Humaitá foi acionado por volta das 21h40. Segundo a corporação, não houve feridos.
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A área lateral à estrutura já havia sido isolada preventivamente pela universidade, e a Defesa Civil foi chamada para vistoriar o local. Após a inspeção, também estiveram no endereço equipes das secretarias municipais de Conservação, Ordem Pública, da Comlurb, da CET-Rio, além da própria Reitoria da UFRJ, responsável pelo imóvel.
Em nota, a universidade informou que contratará com urgência uma empresa especializada para realizar os reparos no muro. As aulas no colégio ficarão suspensas nesta segunda-feira como medida de precaução, enquanto são definidas as próximas etapas de recuperação da estrutura.
Apesar de não haver feridos, o episódio provocou apreensão entre pais e responsáveis. Para muitos, o desabamento é mais um sinal do abandono da infraestrutura da unidade.
— A escola já vem há anos com sinais de desgaste. As paredes apresentam rachaduras, os banheiros ficam dias sem manutenção e a quadra vive interditada. Agora, com o muro caindo, o medo aumenta — relata Maria Eduarda Leal, mãe de uma aluna do 6º ano.
Estudantes também relataram preocupação com o estado da estrutura.
— A gente vê pedaços de reboco caindo, infiltração em várias salas. Quando começou a chover muito na sexta, vários colegas comentaram que o muro poderia ceder. Ninguém imaginava que realmente fosse acontecer — diz Julia Ramos, de 16 anos, aluna do 2º ano do ensino médio.
A UFRJ afirmou que “segue atuando com transparência e responsabilidade, reafirmando seu compromisso com a segurança e o bem-estar do corpo social do CAp/UFRJ e da população vizinha”.
Não é a primeira vez que estruturas da UFRJ apresentam problemas graves. Em maio do ano passado, parte do muro da Escola de Educação Física e Desportos, localizada no campus do Fundão, também desabou. À época, estudantes denunciaram abandono e acúmulo de entulho na área interna da unidade. O desabamento ocorreu em um corredor de acesso ao ginásio e salas de aula, segundo a UFRJ. Como consequência, as aulas foram suspensas por tempo indeterminado.
A crise estrutural na maior universidade federal do país é antiga. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), publicado em 2023, apontava que ao menos 60% dos prédios da UFRJ apresentavam algum tipo de risco relacionado à conservação. Em abril deste ano, a Reitoria chegou a declarar que apenas 30% da verba necessária para manutenção e segurança estava garantida pelo orçamento federal de 2025.
— A sensação é de descaso. Sabemos que o colégio faz parte de uma universidade pública que enfrenta cortes, mas a segurança das crianças deveria ser inegociável — afirma Rodrigo Sales, pai de dois alunos do colégio.
O CAp-UFRJ atende atualmente cerca de 780 alunos da educação básica e tem papel fundamental na formação de professores e no desenvolvimento de práticas pedagógicas na rede pública. Fundado em 1948, é um dos colégios de aplicação mais tradicionais do Brasil.
Por nota, a UFRJ informou que uma nova vistoria técnica foi realizada neste domingo, e que a prioridade agora “é garantir o restabelecimento da segurança da área o mais rápido possível”.