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Sirenes tocam em Israel após Irã lançar mísseis e atingir hospital

 

Netanyahu diz que ‘vão pagar preço alto’ Sirenes de alerta soaram em Israel no início desta quinta-feira após mísseis lançados do Irã terem sido detectados pelo sistema de defesa do país. Um hospital ficou em chamas depois de ser atingido no sul do território israelense, com impactos também relatados em outras duas cidades próximas ao centro costeiro de Tel Aviv, segundo autoridades. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o Irã “pagará um preço alto” pela ofensiva, enquanto o ministro da Defesa afirmou que o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, será “responsabilizado”. Esta nova onda de disparos acontece pouco tempo depois de o Exército israelense anunciar que efetuaria ataques à Teerã.
“Esta manhã, os ditadores terroristas do Irã dispararam mísseis contra o Hospital Soroka… e contra civis no centro do país. Faremos com que os tiranos em Teerã paguem um preço alto”, disse Netanyahu em uma postagem no X.
Israel possui um sistema de defesa antimísseis popularmente conhecido como Domo de Ferro, que tem a capacidade de abater projéteis lançados contra o território israelense. O Irã, porém, tem apostado em ataques com grandes quantidades de lançamentos, para tentar quebrar esta linha de proteção.
De acordo com o diretor do hospital Soroka, Shlomi Kodes, um prédio cirúrgico que havia sido evacuado nos últimos dias foi atingido e ao menos 40 pessoas ficaram feridas no ataque iraniano.
— Várias enfermarias foram completamente destruídas e há danos extensos em todo o hospital, com danos em edifícios, estruturas, janelas e tetos em todo o centro médico — disse ele aos jornalistas.
O Irã afirmou que o alvo era uma base militar e de inteligência israelense, não a unidade de saúde.
— Khamenei declara abertamente que quer destruir Israel; ele pessoalmente dá a ordem de atirar em hospitais. Ele considera a destruição do Estado de Israel um objetivo — argumentou o ministro da Defesa Israel Katz a repórteres em Holon, perto de Tel Aviv. — Um homem assim não pode mais existir.
A última escalada ocorreu no sétimo dia de confrontos mortais entre os dois países, com o presidente dos EUA, Donald Trump, mantendo o suspense sobre se Washington entrará na guerra ao lado de Israel. Ali Khamenei, por sua vez, rejeitou a exigência de Trump de uma “rendição incondicional”, apesar das afirmações do líder americano de que “o Irã está com muitos problemas e quer negociar”.
‘Nunca se render’
Trump deixou suas intenções de entrar no conflito deliberadamente ambíguas.
— Posso fazer isso, posso não fazer. Quero dizer, ninguém sabe o que vou fazer. A próxima semana será muito importante — afirmou o líder americano na quarta-feira sem dar mais detalhes.
Qualquer envolvimento dos EUA incluiria o bombardeio de uma importante instalação nuclear subterrânea iraniana em Fordow, para a qual foram desenvolvidas bombas especiais para destruir bunkers. A Casa Branca disse que Trump receberia um briefing de inteligência nesta quinta-feira, feriado nos EUA. O principal diplomata dos EUA, Marco Rubio, deve se reunir com seu homólogo britânico para conversas que devem se concentrar no conflito.
“Tenho ideias sobre o que fazer, mas ainda não tomei uma decisão final”, comentou Trump. “Gosto de tomar a decisão final um segundo antes do prazo, porque as coisas mudam. Especialmente com a guerra.”
O Wall Street Journal informou que Trump disse a assessores na terça-feira que havia aprovado planos de ataque, mas estava adiando para ver se o Irã desistiria de seu programa nuclear. Aos repórteres, afirmou ainda que as autoridades iranianas “querem vir à Casa Branca”, o que foi negado por Teerã.
O presidente dos EUA era a favor de uma via diplomática para encerrar o programa nuclear do Irã, buscando um acordo para substituir o acordo de 2015 que ele rompeu em seu primeiro mandato. Mas desde que Israel lançou a campanha contra o território iraniano na semana passada, Trump tem apoiado o importante aliado americano.
Instalações nucleares
Na manhã desta quinta-feira, Israel disse que realizou dezenas de novos ataques a alvos iranianos durante a noite, incluindo o reator nuclear parcialmente construído em Arak e uma instalação nuclear em Natanz que já havia sido atacada anteriormente.
Segundo as Forças Armadas israelenses, a instalação de Arak, nos arredores da vila de Khondab, no centro do Irã, foi atingida “para impedir que o reator fosse restaurado e usado para o desenvolvimento de armas nucleares”.
Houve também um “apagão quase total da internet nacional” no Irã na quarta-feira, informou um órgão de fiscalização com sede em Londres, com a agência de notícias iraniana Fars confirmando restrições mais pesadas à internet após as limitações iniciais impostas na semana passada.
A campanha militar provocou apelos para um retorno à diplomacia. O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que um acordo para garantir tanto a segurança de Israel quanto o desejo do Irã de ter um programa nuclear civil era possível.
— Acredito que seria bom para todos nós juntos buscarmos maneiras de parar os combates e buscar maneiras para que os participantes do conflito cheguem a um acordo — declarou a jornalistas estrangeiros em um evento televisionado, acrescentando que o Irã não pediu ajuda militar à Rússia.
Putin e seu homólogo chinês, Xi Jinping, condenaram veementemente os ataques de Israel ao Irã em uma ligação telefônica, informou o Kremlin. Xi disse que um cessar-fogo entre o Irã e Israel é “prioridade máxima”, informou a mídia estatal chinesa.
Os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França e Alemanha e o principal diplomata da União Europeia devem se reunir com seu homólogo iraniano para negociações nucleares em Genebra na sexta-feira, segundo diplomatas europeus. O chanceler do Irã, Abbas Araghchi, confirmou que participará.
Em paralelo, o Irã acusou a Agência Internacional de Energia Atômica, nesta quinta-feira, de agir como “aliada” na “guerra de agressão” israelense. A AIEA, ligada à ONU, censurou o Irã por não cumprir seus compromissos nucleares, um dia antes do início da campanha militar de Israel, em 13 de junho.
“Vocês traíram o regime de não proliferação, fizeram da AIEA uma aliada nesta guerra injusta de agressão”, escreveu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baqaei, na rede X, em um comentário direcionado ao chefe da agência, o argentino Rafael Grossi.
Grossi declarou na quarta-feira ao canal France24 que, embora o “Irã seja atualmente o único país que enriquece urânio em níveis próximos aos militares(…) não é possível afirmar que esteja tentando fabricar uma bomba atômica”.
Bombardeios diários
Um oficial militar israelense, que pediu para não ser identificado, disse na quarta-feira que o Irã havia disparado cerca de 400 mísseis balísticos e 1.000 drones desde o início do conflito na sexta-feira. Cerca de 20 mísseis atingiram áreas civis em Israel, acrescentou o oficial.
Os ataques iranianos mataram pelo menos 24 pessoas e feriram centenas desde que começaram, informou o Gabinete de Netanyahu, na segunda-feira. Já o Irã disse no domingo que os ataques israelenses mataram pelo menos 224 pessoas, incluindo comandantes militares, cientistas nucleares e civis. Os dois países não divulgaram um balanço oficial atualizado desde então.
Israel diz que sua campanha aérea surpresa tem como objetivo impedir o Irã de adquirir armas nucleares. O Irã vinha enriquecendo urânio a 60% — muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, mas ainda abaixo do limite de 90% necessário para uma ogiva nuclear.
Israel mantém ambiguidade sobre suas próprias atividades atômicas, mas o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo afirma que o país possui 90 ogivas nucleares.
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