

Chinês Zhaohu Qiu, de 35 anos, foi preso em Carapicuíba, em SP, e será investigado por feminicídio; corpo de Marcelle Julia Araújo da Silva, de 18 anos, foi encontrado enrolado em lona, ao lado de cães, na casa do suspeito. O chinês Zhaohu Qiu, de 35 anos, conhecido como Xau, será transferido de São Paulo para o Rio de Janeiro nesta terça-feira para prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Ele foi preso na segunda-feira, em uma ação conjunta das polícias civis dos dois estados, no município de Carapicuíba, na Grande São Paulo. Xau é suspeito de matar Marcelle Julia Araújo da Silva, de 18 anos, que estava desaparecida havia três dias quando seu corpo foi encontrado por familiares, no último sábado, em um imóvel que pertencente a ele, na comunidade Beira Rio, na Pavuna, Zona Norte do Rio.
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Segundo o delegado Rômulo Assis, responsável pelo caso, Zhaohu deverá ser interrogado ainda nesta semana. A Justiça do Rio já havia autorizado sua prisão após a constatação de que ele havia fugido da cidade e poderia tentar deixar o país. A polícia ainda apura se o suspeito efetivamente tentou sair do Brasil após chegar em São Paulo.
Marcelle Julia Araújo da Silva foi encontrada morta na Pavuna
Arquivo pessoal
O chinês era proprietário de dois imóveis no Rio, um na Pavuna e outro em Jardim América. De acordo com a investigação, Xau teria usado os dois locais para cometer o crime: um para matar a vítima e o outro para ocultar o corpo.
No local onde o corpo de Marcelle foi localizado, agentes relataram que a jovem estava enrolada em uma lona azul, ao lado de dois cães da raça pitbull. Havia sinais de mordidas. A cena reforça a suspeita de tentativa de ocultação de cadáver, já que câmeras de segurança obtidas na investigação flagraram Xau empurrando um carrinho, coberto por uma lona da mesma cor, indo em direção à casa na Pavuna horas após as imagens também registrarem Marcelle chegando ao imóvel dele em Jardim América.
Marcelle e Xau se conheciam havia pelo menos dez anos. Ele era dono de um trailer de yakisoba no bairro e mantinha relação próxima com a família da vítima. Frequentava festas e churrascos, e chegou a ser visto como uma figura prestativa e amiga. Mas, segundo testemunhas, nutria uma obsessão por Marcelle, que não correspondia às investidas.
Zhaohu Qiu, de 35 anos, suspeito da morte de Marcelle Julia Araújo da Silva
Reprodução / Polícia Civil
De acordo com testemunhas, a jovem teria sido atraída até a casa do suspeito sob o pretexto de ganhar uma cesta de Dia dos Namorados. De acordo com amigas de Marcelle, Xao prometeu que só entregaria o presente se a jovem fosse buscá-lo pessoalmente — o que, segundo a família, pode ter sido uma armadilha.
Exames ainda estão em andamento para determinar a causa da morte, mas, segundo a polícia, o corpo não apresentava marcas de tiros ou esfaqueamento. A suspeita é que ela tenha sido mutilada por cães após a morte. Familiares relatam ainda que Zhaohu era próximo da família e mantinha um comportamento aparentemente inofensivo.
Vítima chegou de bicicleta na casa do suspeito
Câmeras de segurança analisadas pela polícia registraram Marcelle chegando à casa de Xau às 2h18 da madrugada do dia 12 de junho. Poucas horas depois, às 7h10, o suspeito foi filmado deixando o imóvel na Rua Robert Chuma, em Jardim América, empurrando um carrinho coberto por uma lona azul — semelhante à que foi encontrada envolvendo o corpo da jovem — em direção à outra casa de sua propriedade, que estava em obras.
Testemunhas ouvidas pelos investigadores relataram ainda que o chinês costumava convidar meninas para festas com álcool e drogas, nas quais tentava obter relações sexuais. Amigos próximos da vítima reforçaram que ele era obcecado por Marcelle. Um colega que dividia a casa com Xau disse ter ouvido barulhos de esganadura na madrugada do dia 12 e que, desde então, o suspeito desapareceu da vizinhança e parou de atender telefonemas.
Família foi informada da prisão durante o sepultamento
A notícia da prisão de Xau chegou à família durante o enterro de Marcelle, nesta segunda-feira. Quem recebeu a informação foi Daiana Azoor, tia da jovem. Emocionada, ela anunciou a novidade aos parentes e amigos presentes, que reagiram com alívio.
Tia avó de Marcelle consola a mãe da jovem, Adriana de Araújo
Walter Farias / Agência O Globo
— Infelizmente, a nossa menina nunca mais vai voltar para casa, mas saber que este criminoso foi encontrado e capturado pela polícia dá a sensação de justiça sendo feita — disse Daiana.
O corpo da jovem precisou ser velado em caixão fechado, devido ao estado em que foi encontrado. Marcelle foi mutilada pelos cães, segundo a perícia. Parentes e amigos se despediram com um grito coletivo: “Justiça para Marcelle!”
— Só queremos que ele pague pelo que fez. Ele foi tão cruel que nem deixou a gente se despedir dela — desabafou a tia.
Daiana acredita que o crime foi motivado por ciúmes, já que Marcelle havia reatado um relacionamento com uma jovem.