
Navegante foi o primeiro a atracar no leste da Austrália e a circunavegar a Nova Zelândia HMS Endeavour, o famoso navio perdido do capitão James Cook, foi localizado em águas nas cercanias de Rhode Island (EUA), encerrando um dos maiores mistérios marítimos da História, que perdurava havia 250 anos.
A descoberta foi comunicada recentemente por relatório do Museu Marítimo Nacional Australiano (ANMM, na sigla em inglês), que buscava o navio perdido desde 1999.
“Este relatório final é o ápice de 25 anos de estudo arqueológico detalhado e meticuloso sobre esta importante embarcação. Envolveu investigação submarina nos EUA e extensa pesquisa em instituições em todo o mundo”, afirmou o diretor do museu, Daryl Karp, em reportagem no “NY Post”.
Durante a primeira expedição do explorador britânico, entre 1768 e 1771, o HMS Endeavour circundou o globo e se tornou o primeiro navio europeu a atracar no leste da Austrália e a circunavegar a Nova Zelândia. Infelizmente, o lendário navio caiu no esquecimento logo depois, quando foi reaproveitado como navio de transporte para tropas britânicas.
O Endeavour foi então vendido para a companhia de navegação Mather and Co, antes de ser reformado e renomeado Lord Sandwich, em 1775, quando passou a integrar a frota britânica durante a Guerra da Independência. O Endeavour foi finalmente afundado na costa dos EUA em 1778. Especialistas o identificaram formalmente com um naufrágio chamado RI 2395, localizado no Porto de Newport, Rhode Island.
Vista em 3D do local apontado como o ponto de naufrágio do HMS Endeavour
Reprodução/Australian National Maritime Museum
Pesquisadores conseguiram confirmar que se tratava de fato do navio perdido de Cook, comparando os destroços com as plantas históricas da embarcação, descobrindo que a colocação de certas madeiras era exatamente a mesma que a localização dos mastros principal e dianteiro no contorno.
“O tamanho de todos os escantilhões de madeira é quase idêntico ao do Endeavour, e estou falando de milímetros – não polegadas (centímetros), mas milímetros. A bainha da haste é idêntica, absolutamente idêntica. Esta bainha da haste também é uma característica única. Analisamos várias plantas de navios do século XVIII e não conseguimos encontrar nada parecido”, declarou o arqueólogo do ANMM, Kieran Hosty. Como se isso não fosse prova suficiente, a análise da madeira revelou que a madeira era de origem britânica.
Críticas
Apesar de garantir ter “provas”, o ANMM é alvo de críticas desde que publicou as descobertas preliminares, em 2022. Até os parceiros de pesquisa no Projeto de Arqueologia Marinha de Rhode Island (RIMAP) refutaram a alegação, declarando que estavam em desacordo com o projeto e que a pesquisa era “prematura” e uma “violação de contrato”. Apesar de reconhecerem “a excelente análise histórica e o registro detalhado de artefatos”, os parceiros não descartam outros pontos de naufrágio.
Em resposta, James Hunter, arqueólogo da ANMM, garante que há critérios suficientes para confirmar a identidade do navio. Ele ressaltou que o Endeavour foi “afundado intencionalmente”, o que significa que as chances de “encontrar artefatos que forneceriam uma identificação imediata, como um sino, eram muito improváveis”.
“Qualquer objeto de valor teria sido retirado daquele navio antes de ele afundar. Mas o que foi recuperado até o momento é indicativo de um período do século XVIII”, acrescentou ele.
Hosty apoiou a declaração:
“Você nunca encontrará uma placa dizendo ‘Cook esteve aqui’. Temos uma série de evidências apontando para o RI 2394 como sendo o HMB Endeavour. E até agora encontramos muitas coisas que comprovam que se trata do Endeavour e nada no site que diga o contrário.”