

A partir de 2 de agosto, só o novo cartão será aceito no transportes municipais Depois de adiar quatro vezes o início da operação exclusiva do Jaé nos transportes municipais, a prefeitura do Rio anunciou ontem novas datas: 5 de julho para as gratuidades e 2 de agosto para o público em geral. Ao contrário do que se esperava, entraves que motivaram atrasos anteriores não foram solucionados, como a falta de integração com os transportes estaduais e os problemas de aquisição do cartão pelos passageiros. Por isso, usuários de trens, metrô, barcas e ônibus interestaduais vão continuar a usar o Riocard. Já BRT, VLT, ônibus municipais, vans e cabritinhos, que são concedidos pelo município, só vão aceitar o Jaé.
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Serão duas fases de implementação. A primeira terá início em 5 de julho para pessoas com direito à gratuidade, que só poderão garantir o benefício com o uso do Jaé. Neste grupo, estão estudantes da rede pública, idosos, deficientes e algumas pessoas com problemas de saúde. A segunda será em 2 de agosto para os demais usuários, quando o Riocard deixará de ser aceito nos modais administrados pelo município. Para os passageiros do Bilhete Único Intermunicipal, não haverá alteração no serviço.
Usuários confusos
Quem utiliza trens, barcas ou metrô e, na mesma viagem, ônibus municipais, VLTs ou vans vai precisar andar com dois cartões. A dona de casa Fabiane Nascimento Teixeira, de 30 anos, usa hoje o Riocard no metrô e nos ônibus municipais para se deslocar pela cidade, mesmo sem integração tarifária. Diante do anúncio da prefeitura, ela foi ontem a um posto do Jaé com os dois filhos, que estudam na rede pública, dar entrada no novo cartão.
— Acho muito complicado. Eu vou ter que usar os dois cartões, para eles e para mim. Eu, que não tenho gratuidade, vou ter que fazer recarga nos dois, sem desconto de integração. Vou ter que pagar uma passagem do metrô e uma de ônibus inteira — lamenta Fabiane.
Morando em São Gonçalo e trabalhando na Tijuca, o cuidador de idosos Araguaci Souza Monteiro, de 47 anos, pediu o cartão do município no mês passado:
— Fiz para evitar problema. É tudo muito confuso, e agora com o prazo até agosto, não sei como vai ser.
A mudança foi detalhada em entrevista coletiva ontem do vice-prefeito, Eduardo Cavaliere, e da secretária municipal de Transportes do Rio, Maína Celidonio.
— O Jaé representa a saída da caixa-preta e a entrada em um novo capítulo do transporte público, transparente e auditável da bilhetagem do Rio — afirmou Cavaliere. — É a prefeitura que passa a controlar os dados, os números e o funcionamento do sistema. Isso sempre foi uma demanda da sociedade e dos órgãos de controle.
Segundo a prefeitura, já foi emitido cerca de 1,3 milhão de cartões Jaé, e há dois milhões de pessoas cadastradas. Isso significa que 700 mil cartões estão para ser entregues pelo correio ou nas lojas físicas, a depender do que escolheu o usuário. Atualmente, cerca de 400 mil passageiros utilizam o sistema diariamente, o que representa 15% do total.
— Eu e minha esposa solicitamos em agosto do ano passado. O meu chegou, mas o dela até hoje, nada. Já viemos mais de cinco vezes à loja física para receber, e o cartão ainda não chegou — reclama o aposentado Umberto Gonçalves, de 76 anos, que diz ter enfrentado problemas com o bilhete municipal. — Ontem tentei passar e deu erro. Usei o Riocard, que passou em um segundo. Por sorte eu estava com os dois. Outra pessoa no ônibus também teve problema e ficou uns três minutos na roleta.
Idas e vindas
O Jaé começou a ser usado em julho de 2023, como um substituto do Riocard. À época, o prefeito Eduardo Paes já falava sobre os impasses para a prefeitura receber os dados da empresa Riocard TI, que é administrada pelos próprios empresários que operam as linhas de ônibus da cidade. Sem poupar críticas, o prefeito afirmava que era “a raposa tomando conta do galinheiro”.
No dia seguinte ao anúncio, o primeiro dia de operação do Jaé, inicialmente só no BRT, teve problemas, com autoatendimento inoperante e erros no cadastramento. O plano era que fosse usado exclusivamente em todos os transportes municipais a partir de fevereiro de 2024, o que não aconteceu. A prefeitura estabeleceu três outras datas: julho de 2024, fevereiro de 2025 e 1º de julho de 2025. O motivo dos adiamentos sempre foram a falta de integração com os modais sob a responsabilidade do governo estadual.
Em nota, o MetrôRio informou que aguarda as orientações do governo do estado sobre como se dará a integração entre o novo sistema municipal e o Riocard. A SuperVia também disse que espera esse “alinhamento” e que vai atuar conforme as diretrizes da Secretaria estadual de Transporte. Procurada, a concessionária Barcas Rio não se manifestou.