

Segundo o RJ2, Daniel Sousa da Silva foi responsável por 13 disparos na ação do último sábado Um dos agentes do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, envolvido na morte de Herus Guimarães Mendes, de 23 anos, no morro Santo Amaro, contou à polícia ter sido o único a atirar durante a operação emergencial do último sábado. A informação, divulgada nesta quarta-feira pelo RJ2, da TV Globo, contrapõe a primeira versão da Polícia Militar, que informou na data que traficantes da comunidade teriam atirado contra os policiais, que não teriam reagido à agressão.
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Em depoimento, o sargento do Bope Daniel Sousa da Silva afirmou que houve confronto com criminosos na comunidade, que recebia uma festa junina e estava lotada de moradores em celebração. Em nenhum momento da fala, como destacou o RJ2, ele mencionou a festividade.
Na operação, o sargento Daniel Sousa exercia a função de policial ponta de patrulha, o que vai à frente da equipe nas incursões. Ele portava um fuzil calibre 5,56, apreendido para análise de balística. A munição vai ser comparada às balas que atingiram o jovem, o que vai determinar a autoria do crime.
A equipe de Daniel era composta por outros dois sargentos — Dyogo de Araújo Hernandes e André Luiz de Souza — e dois cabos — Leonardo Oliveira Alves e Rodrigo da Rocha Pita. Além deles, a PM afastou outros sete agentes que participaram da operação e exonerou o coronel André Luiz de Souza Batista, comandante do Comando de Operações Especiais (COE), e o coronel Aristheu Lopes, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Também segundo o RJ2, Daniel Souza revelou ter efetuado 13 disparos durante a operação. O confronto teria começado na escadaria na Rua Marília Toninni, onde os primeiros criminosos teriam sido abordados.
Morte de Herus
O office boy Herus Guimarães Mendes, de 23 anos, foi atingido por um disparo no abdômen e outro no quadril. Ele estava com a família na festa e foi atingido ao comprar refrigerante numa padaria do Santo Amaro. Além dele, outras cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas ao Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. Todos já foram liberados.
Segundo o pai de Herus, Fernando Guimarães, homens do Bope entraram no local atirando por volta das 3h30 da madrugada de sábado:
— A gente estava na festa, cheia de crianças. Eles entraram dando tiro, sem motivo algum. Meu filho tinha acabado de sair para comprar um lanche. Graças a Deus o filho dele não estava presente. Ele chegou a ser reanimado no hospital, mas não resistiu. Era trabalhador, sem ficha criminal, pagava pensão. Infelizmente, não vai voltar. Hoje ele é mais um. Mas as autoridades precisam explicar o que estavam fazendo no morro naquele horário. Quem autorizou essa operação?
A família de Herus relata, ainda, que os policiais agiram de forma truculenta, arrastando o rapaz ferido numa escada.
Após a operação, o secretário da Polícia Militar do Rio, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que houve um erro no planejamento da operação. O oficial listou os requisitos para uma ação emergencial, que, segundo as autoridades, foi a deflagrada no Santo Amaro após o recebimento de denúncia de que homens armados se reuniriam no local para fazer ataques contra bandidos rivais, e disse que “restou provado que não foram observados protocolos e procedimentos da corporação”.