STF Interroga Bolsonaro e Aliados por Tentativa de Golpe de Estado em 2022
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciará, nesta segunda-feira (9), o interrogatório dos oito acusados de planejar um golpe de Estado no fim de 2022. Entre os réus está o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado como líder do núcleo estratégico da tentativa de ruptura institucional.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo compõe o "núcleo crucial" de uma organização criminosa voltada à subversão da democracia. Durante o mês de maio, o STF ouviu testemunhas de defesa e acusação. Agora, os interrogatórios marcam a fase final da instrução penal.
A expectativa é que o caso evolua para a fase de alegações finais em até 15 dias. Entenda a estrutura do núcleo investigado e os próximos passos do julgamento.
Quem são os acusados?
Além de Jair Bolsonaro, os réus incluem Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Paulo Sérgio Nogueira.
Bolsonaro e aliados são acusados de incitar desconfiança sobre o sistema eleitoral, redigir decretos golpistas e articular com militares e serviços de inteligência para desestabilizar o processo democrático.
Papel de Bolsonaro e dos generais
Segundo a PGR, Bolsonaro liderou o grupo. Ele participou diretamente da elaboração do decreto golpista, pressionou comandantes militares e disseminou desinformação sobre as urnas eletrônicas. Também teria conhecimento do plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa atentados contra autoridades.
Investigações em curso no STF revelam que Bolsonaro interferiu na produção do relatório das Forças Armadas sobre as eleições. O objetivo era criar clima para um decreto de exceção.
O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira participou de reuniões com Bolsonaro em que se defendia intervenção militar. Já Augusto Heleno teria liderado um "gabinete de crise", cuja missão seria coordenar ações após a ruptura democrática.
Em depoimentos anteriores ao STF, ex-comandantes indicaram que parte da cúpula militar resistiu a participar do plano, enquanto outros membros demonstraram apoio velado.
Abin paralela e articulações secretas
Outro personagem central é Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, acusado de liderar a chamada “Abin paralela”. Ele usou a estrutura da agência para monitorar opositores e construir um discurso contra a Justiça Eleitoral. Documentos mostram sua colaboração direta com Bolsonaro.
As ações da Abin foram citadas também por especialistas em radicalização política como um sinal do aprofundamento do aparelhamento institucional durante o governo anterior.
Mauro Cid: o operador do plano
Delator premiado, Mauro Cid foi o primeiro a depor. Ex-ajudante de ordens da Presidência, ele funcionava como porta-voz de Bolsonaro e coordenava a troca de mensagens entre militares golpistas. A PGR encontrou, em seu celular, minutas golpistas e discursos prontos para o pós-ruptura.
Além disso, Cid teria articulado a coleta de dados por meio de hackers para embasar ataques contra as urnas. Depoimentos de outros ministros reforçam a tese de que havia coordenação central para sabotar o processo democrático.
Crimes atribuídos
Segundo a denúncia da PGR, o grupo cometeu os seguintes crimes:
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Organização criminosa
- Dano qualificado
- Deterioração de patrimônio tombado
Esses crimes preveem penas de até 12 anos de prisão e somam condenações pesadas. O processo será decisivo para o futuro político de Jair Bolsonaro e de seus aliados.
Enquanto isso, o governo Lula tenta recuperar a estabilidade institucional e econômica após os abalos provocados pela tentativa de insurreição.
Conclusão
O julgamento marca um divisor de águas na democracia brasileira. Acompanhe a cobertura completa e imparcial dos julgamentos no STF e os desdobramentos da tentativa de golpe aqui no Olho Vivo.