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Tênis com fé: padre reúne católicos evangélicos e espíritas em quadra no Rio

   
   
 

Projeto esportivo a preços populares em Pilares, na Zona Norte, atrai ainda pessoas de diferentes profissões. Fluminense doou mais de mil raquetes Há cerca de dois meses, o padre Diogenes Araújo Soares, de 54 anos, da Paróquia do Divino Salvador, na Piedade, se divide entre a batina e a raquete de tênis. Ele pratica o esporte favorito do Papa Leão XIV em um projeto social no vizinho bairro de Pilares, também na Zona Norte, desde que chegou ao Rio, vindo de Fortaleza, no Ceará. Na quadra, o sacerdote católico costuma fazer uma dobradinha com o entregador Matheus Alberto do Nascimento, de 29, que é evangélico, ou bater bola com o músico Fábio Barreto, de 57, espírita. O religioso foi levado para o projeto pelo contador aposentado Evandro Carvalho do Lago, de 72, fiel de sua igreja.
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Para todos
A iniciativa criada por Artur Ricardo, de 54 anos, morador local, funciona em espaço cedido pela prefeitura do Rio. O projeto “Pratique Tênis em Pilares” reúne homens e mulheres de diversas profissões — churrasqueiro, corretor de imóveis, policial federal e oficial do Corpo de Bombeiros, entre outros —, além de variados credos, idades e raças, em torno de um esporte considerado de elite.
Não há exigência de uniforme e os interessados nem precisam ter raquete. As mensalidades partem de R$ 100, mas quem não tem condição de pagar também não fica de fora.
— A ideia é ajudar a popularizar o esporte. Deixá-lo acessível a qualquer pessoa. Só o fato de colocar o tênis na Zona Norte já é um feito. Queremos fazer do bairro, que já foi muito associado a samba e carnaval por conta da Caprichosos de Pilares (escola da Série Bronze que hoje desfila na Intendente Magalhães, em Campinho, mas já teve seus dias de glória na Sapucaí, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990), um lugar conhecido pela prática do tênis — afirma Artur, que já trabalhou na CBF e, desde a pandemia, toca o projeto sem patrocínio, apenas com o que arrecada de mensalidade e alguma parceria com a iniciativa privada — o Fluminense Football Club já doou mais de 1.500 raquetes e redes.
O projeto é uma das raras opções no subúrbio para os aspirantes a tenista, ou mesmo para quem só quer praticar o esporte. O churrasqueiro Manoel da Silva Pimenta, de 46 anos, é da Ilha do Governador. Ele conta que faz aulas uma vez por semana.
— Comecei no esporte pelo futebol, até que um dia passei por uma quadra pública de tênis e me interessei. Comprei uma raquete e comecei treinando. Mas fazia a coisa errada. Vim para o projeto para aprender para valer. O tênis é tudo, representa saúde, qualidade física e mental. Infelizmente, é um esporte elitizado, mas um projeto como esse facilita para todo mundo — elogia ele.
O padre Diogenes praticava beach tênis quando estava em Fortaleza e chegou a vencer campeonatos. No subúrbio carioca, longe da praia, migrou para o tênis de quadra. O religioso, que também é praticante de vôlei desde a infância, admira os talentos brasileiros da raquete João Fonseca, que aos 18 anos já é uma estrela mundial do esporte, e Bia Haddad.
— A gente evangeliza de todos os modos e meios que o amor inspira. Minha presença no projeto pode ser um sinal. As pessoas ficam surpresas, mas ao mesmo tempo alegres em ter um padre entre elas, praticando esporte — diverte-se o sacerdote baiano.
Projeto já foi enredo
O “Pratique Tênis em Pilares” atualmente tem mais de 80 alunos inscritos — todos adultos. No início, em 2010, o foco maior era em crianças e adolescentes. Com a pandemia da Covid-19, o projeto perdeu patrocínios, até hoje não recuperados, e mudou seu público. A iniciativa, que atrai atletas amadores de todos os credos, foi enredo da escola mirim Inocentes da Caprichosos, em 2020, e já recebeu mais de 2 mil pessoas.
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