A Nakba deve ser compreendida não apenas como um evento histórico, mas como um processo contínuo de expulsão, ocupação e violação de direitos. A afirmação é do presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, que participou na terça-feira (27) de uma sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) em homenagem aos 77 anos da Nakba.
Nakba foi o processo de expulsão e deslocamento forçado de mais de 750 mil palestinos ocorrido em 1948, com a fundação do Estado de Israel. Dezenas de vilarejos palestinos foram destruídos, terras foram confiscadas e famílias inteiras obrigadas ao exílio.
Rabah defendeu que a memória da Nakba deve servir de alerta diante das mortes e da destruição registradas no território nos últimos meses, classificando o cenário atual como “campanha genocida em curso” na Faixa de Gaza.
O presidente da Fepal também chamou atenção para a situação de mulheres grávidas em meio aos ataques. “Hoje, em Gaza, temos cerca de 15 mil mulheres grávidas esperando para dar à luz em condições absolutamente precárias, sem infraestrutura de saúde, em meio a escombros. É uma tragédia que exige resposta imediata da comunidade internacional.”
Dados apresentados durante a sessão apontam que, desde 7 de outubro de 2023, cerca de 66.120 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza. O número representa 9,97% da população da região, estimada em 2,2 milhões de habitantes no início do conflito.
“O que acontece em Gaza é um extermínio deliberado. Proporcionalmente, se transportarmos essa proporção para a realidade brasileira, estaríamos falando de 6,3 milhões de mortos”, comparou. “A maior parte das vítimas são crianças e mulheres.”
Rabah reforçou ainda que lembrar a Nakba não é apenas um exercício histórico, mas um ato de resistência política diante das violações contínuas. “A Nakba não foi um episódio isolado de 1948. É uma ferida ainda aberta, com consequências que se estendem até hoje, atravessando gerações. O povo palestino ainda vive sob ocupações, bloqueios, expulsões e negação sistemática de direitos.”, destacou.
Na mesma ocasião, o embaixador do Estado da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, presente na homenagem, denunciou a atuação militar israelense, classificando os ataques como “inaceitáveis”. Para ele, é papel da comunidade internacional agir de forma concreta para impedir o que chamou de “campanha genocida em curso”. A sessão solene foi proposta pelo deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF).