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Golpe do falso advogado: fraude atinge famosos e pessoas comuns. Veja como identificar e se proteger

 

Bandidos usam dados de processos judiciais para enganar vítimas com falsas promessas de pagamentos de indenizações O golpe do falso advogado, em que criminosos se passam por profissionais de Direito para realizar fraudes financeiros, têm se multiplicado por todo país. De 2024 até agora, somente no Estado de São Paulo foram registradas 1.600 denúncias desse tipo de fraude, segundo Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No Rio de Janeiro, foram feitas 417 queixas apenas neste ano.
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Nem nomes conhecidos escapam. O promotor de eventos e apresentador David Brazil foi uma das vítimas recentes do golpe. Ele havia entrado com uma ação contra a companhia aérea, após ter um voo cancelado em Londres — episódio que o impediu de voltar ao Brasil a tempo para cumprir compromissos profissionais:
— Já tinha se passado um ano do processo quando recebi uma mensagem dizendo que a causa estava ganha. Veio com o logo do escritório e o nome do meu advogado.
David Brazil transferiu R$ 39 mil para golpistas, mas conseguiu recuperar R$ 15 mil
Lucas Tavares/Infoglobo
O golpista se apresentou como integrante do escritório que o representava na ação. Em seguida, outra pessoa assumiu o suposto papel de funcionário da companhia aérea, afirmando que iriam tratar do pagamento da indenização. Por videochamada, induziram a vítima a digitar dados bancários e a “validar” depósitos, supostamente necessários por questões tributárias. A promessa era que os valores seriam reembolsados junto à indenização.
O golpe só foi interrompido porque, durante um almoço com amigos, um deles desconfiou da movimentação e ajudou o apresentador a bloquear a última transferência. Ao todo, R$ 39 mil já tinham sido enviados, mas somente R$ 15 mil foram recuperados.
— Já estavam até tentando fazer um empréstimo de R$ 130 mil no meu nome. Meu advogado fez o boletim de ocorrência, e fomos até o banco, que nos orientou a escrever uma carta relatando tudo. Agora estamos aguardando — lamenta.
Falso protocolo judicial
No caso da empresária Neiva Wermeier, de 44 anos, os criminosos apresentaram a chave Pix como se fosse um “protocolo judicial” que precisava ser validado no aplicativo do banco para liberar a suposta indenização. Neiva move um processo contra uma empresa de energia. Em dezembro de 2024, porém, foi contatada via WhatsApp por alguém que usou a foto, o nome e até o estilo de comunicação da advogada que a representa.
A empresária Neiva Wermeier, de 44 anos, transferiu cerca de R$ 20 mil para falso advogado
Arquivo pessoal
A promessa de receber o valor, em um mês de despesas extras e planos de férias, acabou convencendo Neiva a seguir com o que parecia ser um procedimento legítimo. Depois de pagar quase R$ 5 mil em supostas “taxas judiciais”, um homem, que se dizia juiz, fez um novo contato e solicitou prints — registros de tela do celular — de extratos bancários e alertou que a conta pessoal dela não suportaria receber a quantia da indenização por estar com saldo zero. Diante disso, Neiva compartilhou os dados de uma conta empresarial da filha, que tinha R$ 18 mil. Foi quando o estelionatário enviou uma chave Pix — apresentada como um número de protocolo — e a orientou a fazer a “validação”.
— Ele não me disse: “manda R$ 15 mil”. Só pediu para digitar 15000 como se fosse número de protocolo — diz.
Com prejuízo em torno de R$ 20 mil, ela fez boletim de ocorrência e contatou o banco, mas não teve restituição.
Depoimento de Arnaldo Silva, empresário, de 65 anos
‘Queria ver a tela do celular’
“Quando comprei um apartamento, paguei o ITBI — imposto cobrado na compra de imóveis — que foi muito acima do valor real. Entrei com um processo administrativo na prefeitura, com o meu advogado, para tentar recuperar o valor. No dia 13 de maio, recebi no WhatsApp um arquivo do processo enviado por uma mulher que se dizia advogada. Ela afirmava que um juiz me procuraria para confirmar o pagamento da indenização e pediu os números da minha conta bancária, que acabei enviando. Depois, um homem, se passando por juiz, entrou em contanto e disse que precisava fazer uma chamada de video para confirmar o depósito na minha conta. Quando liguei, ele disse que queria ver a tela do meu celular. Com a imagem compartilhada, ele pode ver o que eu estava fazendo no aparelho, inclusive quando entrei na minha conta digital do Itaú, com ele acompanhando tudo. Como eu não tinha grandes valores nesse banco, ele insistiu que eu mexesse em outras contas bancárias, mas me recusei. Foi aí que ele parou de falar.
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Preocupado, liguei para o banco e bloqueei minha conta digital. Por fim, denunciei os dois números no WhatsApp.”
Depoimento de Leonardo Stern, representante comercial, de 47 anos
‘Ele falava com linguagem jurídica’
“Meu pai, Antônio Carlos Martins, de 77 anos, foi uma das vítimas do golpe. Um homem ligou dizendo ser filho do seu advogado, alegando que havia com valor alto prestes a ser liberado de uma ação antiga movida contra uma empresa. Ele falava com linguagem jurídica e parecia confiável. Convenceu meu pai a pagar as custas para agilizar o processo. Primeiro, pediu um Pix de quase R$ 5 mil. Depois, foi uma TED de R$ 28 mil. Conseguimos bloquear a última transferência na Justiça, mas o valor segue parado há mais de um ano. Temos provas da fraude, contato com o titular do CPF usado na conta, mas nada avança. Meu pai precisa desse dinheiro.”
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Contra irregularidades
Para atuar no combate às fraudes envolvendo falsos advogados, a presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio, anunciou a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A iniciativa foi discutida durante reunião realizada na última terça-feira (dia 20) com o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, e o presidente da Comissão Especial de Estudo e Combate ao Lawfare da OAB-RJ, Luciano Tolla.
Luciano Tolla e Ana Tereza Basilio da OAB-RJ em reunião contra fraudes
Flávia Freitas/OAB-RJ
Segundo Ana Tereza, o grupo terá como objetivo principal coordenar ações para orientar a população, prevenir golpes e fazer a troca de informações entre as instituições:
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— Vamos criar um grupo de trabalho conjunto e colaborar com o MPRJ, inclusive compartilhando as informações recebidas pelo canal de denúncias da corregedoria da OABRJ (corregedoria.denuncia@oabrj.org.br).
Ferramentas contra o golpe
Confirmação de identidade de advogado
Diante do aumento de fraudes envolvendo falsos advogados, a OAB lançou, em abril deste ano, a plataforma digital ConfirmADV — um serviço gratuito que permite verificar, de forma simples e segura, se o profissional que fez contato está, de fato, inscrito em seus quadros.
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Solicitações
A ferramenta já recebeu 9.641 solicitações de verificação desde que entrou no ar. Desse total, 7.923 foram confirmadas como válidas.
— Nosso compromisso é garantir que as pessoas tenham acesso à informação correta e saibam como reagir diante de tentativas de golpe — diz o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti.
Como funciona o ConfirmADV
O site pode ser acessado por meio do endereço confirmadv.oab.org.br. Para fazer a verificação, o cidadão deve preencher três campos obrigatórios: número de inscrição do advogado na OAB, estado de registro (Ex.: Rio de Janeiro) e e-mail informado pelo suposto advogado.
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Notificação automática
Após o envio dos dados, o sistema dispara uma notificação automática para o e-mail cadastrado do advogado. O profissional tem até cinco minutos para confirmar que realmente fez contato com o cidadão. Se a confirmação for feita dentro do prazo, o solicitante recebe a validação de autenticidade. Caso o tempo expire sem resposta, ambos — o cidadão e o advogado — são notificados de que a verificação não foi concluída.
Canal de denúncias
Quem identificar uma tentativa de golpe ou já tiver sido vítima pode denunciar o caso à OAB Nacional, pelo site fiscalizacao.oab.org.br, clicando no botão “Denuncie”. As queixas são encaminhadas à seccional correspondente para apuração.
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Como Evitar o golpe
Os golpes envolvendo falsos advogados costumam começar com o acesso indevido a informações públicas de processos judiciais. De posse desses dados, criminosos entram em contato com as partes envolvidas nas ações.
Para evitar cair nesse golpe, a OAB orienta confirmar a identidade do advogado por meios já conhecidos ou por canais previamente informados no contrato, além de evitar pagamentos solicitados por mensagens ou ligações — sem a devida checagem — e guardar prints de conversas e comprovantes, que devem ser levados à delegacia para o registro de um boletim de ocorrência.
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