
Projétil foi arrecadado do corpo Herus Guimarães Mendes e será confrontado com armas usadas por policiais do Bope A Polícia Civil confirmou, nesta segunda-feira, que um projétil de arma de fogo foi retirado do corpo do office boy Herus Guimarães Mendes, de 23 anos, morto na noite de sexta-feira para sábado, durante uma ação de policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no Morro Santo Amaro, no Catete, na Zona Sul do Rio. A bala foi encaminhada para perícia que fará um exame de microcomparação balística com as armas apresentadas na Delegacia de Homicídios da Capital(DHC) por um grupo de 12 PMs. O resultado poderá esclarecer se o referido disparo partiu ou não do armamento usado pelos militares da tropa de elite da PM.
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Os 12 policiais realizaram a ação para checar uma informação de que um grupo de bandidos armados estaria reunido no local para efetuar uma invasão a uma comunidade controlada por traficantes rivais. Na mesma ocasião, uma quadrilha profissional de festa junina realizava um evento de dança típica na comunidade. Quando os tiros foram disparados, Herus foi atingido duas vezes, um delas na barriga. Ele chegou a ser levado para o Hospital Glória D’or, no Bairro da Glória, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo parentes, o rapaz estava pagando um pix numa padaria, onde foi comprar um refrigerante, quando PMs teriam feito disparos nas proximidades da escadaria de um beco. Os tiros, segundo versão preliminar apresentada pelos policiais, teriam sido disparados para revidar um suposto ataque feito por criminosos.
Protesto contra a morte de Herus Guimarães no Morro do Santo Amaro, no Catete
Alexandre Cassiano
A informação de que uma suposta reunião de criminosos estava acontecendo na comunidade foi recebida pelo Bope. Além de Herus, outras cinco pessoas também ficaram feridas. Segundo a Polícia Civil, nenhum deles tem envolvimento com o tráfico de drogas. O oficce boy era pai de um menino de 2 anos. No fim de semana, amigos e parentes do rapaz fizeram um protesto. Com faixas e cartazes, eles pediram Justiça para o caso.
Herus morreu após ser atingido por tiro na barriga durante incursão da polícia em festa junina no Morro do Santo Amaro
Arquivo pessoal
O resultado trágico da operação levou o governador Cláudio Castro a afastar o comandante do Bope, coronel Aristheu Lopes. Já o coronel André Luiz de Souza Batista, comandante do Comando de Operações Especiais (COE), unidade a qual o Bope é subordinado, também foi afastado. Os dois oficiais deverão ter as exonerações publicadas no boletim da corporação desta terça-feira.
Os 12 PMs que participaram da ação foram afastados das ruas e vão ficar à disposição da corregedoria da PM e da Justiça prestando serviços administrativos.
O secretário da Polícia Militar do Rio, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou, nesta segunda-feira, que houve um erro no planejamento da operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Comando de Operações Especiais (COE) realizada no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio. Na ocasião, acontecia uma festa junina na comunidade.
O oficial listou os requisitos para uma ação emergencial, que, segundo as autoridades, foi a deflagrada no Santo Amaro após o recebimento de denúncia de que homens armados se reuniriam no local para fazer ataques contra bandidos rivais, e disse que “restou provado que não foram observados protocolos e procedimentos da corporação”.
— Eu vou citar aqui alguns requisitos. Primeiro requisito: avaliação de risco. Que tipo de impacto a nossa operação vai causar naquela comunidade? Segundo requisito: princípio da oportunidade. O dia em que aquela operação vai ser realizada, o horário em que aquela operação vai ser realizada, se está havendo algum evento na comunidade. E o principal requisito: que é a preservação das vidas. O bem maior a ser protegido é a vida das pessoas. E a gente pode observar que esses requisitos não foram contemplados nessa operação emergencial — afirmou, em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo.
De acordo com o oficial, o protocolo para ações emergenciais será reavaliado:
— As investigações vão fazer com que a gente entenda o que ocorreu naquela madrugada, entenda como foi a execução daquela operação, as perícias realizadas no local, nas armas dos policiais serão juntadas aos autos e vão subsidiar as nossas conclusões e a resposta que a sociedade merece neste momento.